Onde investir a segunda parcela do 13º?
Considerar pagar dívidas em primeiro lugar é um bom caminho, dizem especialistas ouvidos pela EXAME


Exame.com
Chegou o momento da segunda parcela do 13º, que deve ter sido paga nesta sexta-feira, 19. Muitos planos surgem: viajar, fazer compras, presentear algum ente querido. Mas as prioridades também batem na porta, e pagar dívidas, fazer uma reserva de emergência ou aplicar o montante precisam ser considerados — pelo menos é o que dizem os especialistas ouvidos pela EXAME. No meio disso tudo, onde investir o 13º?
A regra é básica — se tem dívidas, é melhor quitá-las. A ideia de investir o dinheiro e, com o rendimento, pagar os débitos em atraso pode até parecer uma boa estratégia. Entretanto, “os juros de uma dívida são tão altos que um investimento tradicional não consegue superá-los”, comenta Nayra Sombra, planejadora financeira CFP pela Planejar.
Para se ter uma ideia do tamanho do problema, o rotativo do cartão pode ultrapassar 300% ao ano, enquanto um investimento conservador costuma render algo perto de 12% anuais.
Estratégia intermediária
Ainda assim, isso não quer dizer que é preciso quitar tudo antes de iniciar a jornada de investimentos.
Uma estratégia intermediária funciona melhor: priorizar a quitação das dívidas mais caras, buscar renegociações para alongar prazos ou reduzir encargos — paralelamente, criar o hábito de investir, mesmo com aportes menores no começo.
Depois desse passo, é possível seguir para a próxima etapa: reunir dinheiro para as despesas de começo de ano.
“Isso evita muito estresse financeiro. IPTU, IPVA, matrícula, material escolar. O 13º pode ser um grande aliado para quebrar o ciclo de começar o ano no vermelho”, explica Sombra.
A partir daí, chega a reserva de emergência. “A prioridade é investir com liquidez e com segurança, para ter acesso rápido aos recursos sem perdas”, comenta Ana Paula Milanez, sócia da Guelt Investimentos. E o conceito de reserva de emergência é exatamente isso, alta liquidez e baixo risco.
Fabio Macedo, COO da Webull Brasil, explica que o ideal é ter o equivalente a pelo menos seis meses de gastos mensais, garantindo segurança para lidar com imprevistos. Algumas opções são Certificados de Depósito Bancário (CDBs) ou Tesouro Selic.
Nesse momento, é possível começar a investir em outros ativos, desde arriscados a conservadores, buscando proteção e construção de patrimônio. “Com juros a 15%, a renda fixa realmente se destaca. Mas isso não significa abandonar a diversificação, ela continua essencial, principalmente pensando no longo prazo”, diz Sombra.
Onde investir o 13º?
"A primeira coisa que esse investidor precisa se perguntar é: qual é o meu objetivo? É poupar para uma aposentadoria, construir patrimônio? Isso define se o investimento será de longo ou de curto prazo. Se ele vai investir para para trocar o carro no ano que vem ou fazer viagem", afirma Catherine Cruz, CIO da Integrity Wealth Management.
A carteira diversificada é sempre a melhor alternativa. Mas essa diversificação e a composição vai variar conforme perfil, objetivos, momento de vida, e outras individualidades de cada investidor, explica Bruno Perri, economista, educador financeiro e sócio-fundador da Fórum Investimentos.
Entretanto, é preciso cautela. Ao mesmo tempo que ano que vem será um ano eleitoral, o que tende a dar volatilidade para os ativos, será um ano de expectativa de queda de juros no Brasil e nos Estados Unidos (EUA), o que pode levar o investidor a arriscar mais.
Com a bolsa nas máximas, superando os 159 mil pontos, “é natural o investidor ter receio de entrar”, explica Lucas Girão, educador financeiro. “Máximas”, no entanto, são relativas: o mercado faz máximas sucessivas em ciclos de alta e quem espera eternamente “corrigir” costuma ficar de fora, aponta Girão.
No ano, o Ibovespa subiu quase 30%, mas ainda há oportunidades. “É uma recomendação ter ‘um pé’ na bolsa brasileira e nos fundos multimercados, que surfam esses movimentos de queda de juros”, diz Milanez.
Mas antes das ações, vem a renda fixa, que deve terminar 2026 em 12% segundo projeções. CDBs, LCAs, LCIs, fundos de renda fixa high grade e investimentos pós-fixados no geral são boas alternativas. Também são recomendados investimentos em inflação, como em NTN-B, com um prazo um pouco mais estendido.
Milanez também recomenda fundos de debêntures incentivadas, que possui isenção do Imposto de Renda (IR), assim como LCA e LCI. Para somar, investimentos dolarizados devem ser considerados: cerca de 10% a 15% da carteira.
O consenso entre os especialistas é fugir da poupança. Afinal, ela rende apenas 70% (líquido) do CDI. Para se ter ideia, o Tesouro Selic, aplicação mais conservadora do mercado, oferece 85% do CDI líquido para aplicações com mais de 2 anos.







