Indústria moveleira gaúcha sente impacto da possível tarifa dos EUA
Empresas suspendem exportações e acumulam prejuízos com mercadorias paradas

Guilherme Fadanelli
Empresas do setor moveleiro do Rio Grande do Sul enfrentam prejuízo com a possível aplicação de uma tarifa de 50% pelos Estados Unidos sobre móveis brasileiros, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto. Sem definição sobre o impasse, cargas estão paradas e exportações suspensas.
Uma fábrica de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, deixou de enviar seis contêineres de móveis programados para este mês. A produção já havia sido concluída. Matéria-prima foi comprada, a produção foi feita e agora vai ficar estocada. A esperança é poder embarcar. "O sentimento é de frustração", disse o sócio-proprietário Edwin Lucci.
As exportações representam até 15% do faturamento da empresa, sendo os Estados Unidos o principal destino. Redirecionar os produtos para outros mercados, segundo Lucci, não é simples. É um produto específico e a disputa por mercados alternativos "é muito grande", afirmou.
O polo moveleiro de Bento Gonçalves é o maior do estado, com mais de 300 empresas e 6,2 mil trabalhadores. Parte da produção é exportada para mais de 50 países. No primeiro semestre, das vendas externas que somaram US$ 27 milhões, cerca de US$ 4,5 milhões foram destinados ao mercado norte-americano.
Férias coletivas
Mesmo sem confirmação oficial da nova tarifa, empresas já reduziram o ritmo de produção. "Temos várias empresas com material parado, algumas com suspensão das atividades e até férias coletivas, aguardando uma definição entre os governos", disse Cíntia Weirich, presidente do Sindimóveis. Ela alertou que, se a tarifa for confirmada, o impacto nos empregos será direto.
Na última semana, representantes do setor se reuniram com o governo do Estado e o cônsul dos EUA para detalhar os prejuízos. O Sindimóveis agora aguarda avanços nas negociações lideradas pelo governo federal.