Inadimplência aumenta no Brasil e atinge maior nível desde 2010
Levantamento da CNC apontou que 30,4% dos consumidores estão com contas em atraso

Camila Stucaluc
O número de brasileiros que deixam de pagar as dívidas no prazo voltou a subir em agosto. É o que mostra a nova pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que contabilizou 30,4% de inadimplentes no mês – maior patamar desde o início da série histórica da pesquisa, iniciada em 2010.
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Em relação ao endividamento, o percentual também aumentou, chegando a 78,8% das famílias. Apesar disso, houve melhora na percepção subjetiva dos consumidores: o percentual dos que se consideram “muito endividados” caiu para 15,4%, enquanto aumentou o grupo “mais ou menos endividado” (29,9%).
Segundo os dados, o cartão de crédito segue como o principal meio de endividamento dos brasileiros (84,5%). Em seguida, aparecem os carnês (16,6%), o crédito pessoal (11%), o financiamento de casa (9,2%), o financiamento de carro (9%) e o crédito consignado (5,1%).
Para o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, o avanço da inadimplência sinaliza que o atual nível de endividamento começa a ultrapassar o limite da capacidade de pagamento das famílias. “Isso se dá especialmente em um cenário de crédito mais caro e prazos mais curtos. É um sinal de alerta importante para a economia doméstica”, aponta.
Famílias comprometem menos renda com dívidas
Um dos poucos indicadores positivos do mês foi a queda no comprometimento médio da renda com dívidas, que passou de 29,6% em agosto do ano passado para 29,3% — o menor patamar desde maio de 2019. Além disso, a parcela de famílias que comprometem mais da metade da renda com dívidas caiu de 18,9% para 18,6% no mês.
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O levantamento mostra ainda que o endividamento tem ocorrido em prazos cada vez mais curtos. O percentual de famílias com dívidas superiores a um ano caiu pelo oitavo mês seguido, para 31,0%. Ao mesmo tempo, cresceu o número de compromissos entre três e seis meses, o que, de acordo com os economistas, eleva a pressão sobre o orçamento no curto prazo.