Impulsionada pela piora no crédito, intenção de consumo cai 0,3% em setembro
Queda foi mais acentuada entre famílias de maior renda e público masculino
Camila Stucaluc
A Intenção de Consumo das Famílias (ICF), apurada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), registrou queda de 0,3% em setembro, em comparação ao mês anterior. Apesar da retração, o indicador obteve 103,1 pontos, ficando acima do nível de satisfação e alcançando o maior patamar desde março.
Segundo a confederação, o resultado de setembro foi provocado pela maior pressão inflacionária e incertezas fiscais em relação ao mercado de crédito, que caiu 1,3% no período. O número de famílias inadimplentes também aumentou em agosto, o que influenciou negativamente a avaliação das famílias sobre consumo.
No geral, a perspectiva de consumo teve uma redução maior entre as famílias de maior renda (-2,5%), contra uma diminuição de 0,6% entre as de menor renda. Essa divergência também se manifestou no indicador de emprego atual, com as famílias de maior renda registrando queda de 0,3%, enquanto as de menor renda tiveram alta de 0,8%.
“Famílias com maiores salários estão mais cautelosas em relação ao emprego e ao consumo futuro, devido à maior seletividade no crédito e à piora na confiança empresarial”, pontuou Felipe Tavares, economista-chefe da CNC.
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No que diz respeito à intenção de consumo por gênero, a pesquisa mostra que as mulheres puxam o avanço do índice, com um crescimento anual de 1,6%, em comparação a uma retração de 0,3% entre os homens. No mercado de trabalho, o indicador que mede a satisfação com o emprego avançou 3,3% para elas, contra 0,3% para eles.