Haddad diz que tarifas impostas pelos EUA são “tiro no pé”
Segundo o ministro, o Brasil deve buscar uma saída negociada, mas não descarta recorrer a mecanismos multilaterais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC)

Warley Júnior
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou nesta terça-feira (23) como um “tiro no pé” a decisão dos Estados Unidos de impor tarifas adicionais a produtos brasileiros. A declaração foi dada em entrevista ao Instituto Conhecimento Liberta (ICL).
“Essa escalada de tarifas é um tiro no pé da própria economia americana. Em vez de fortalecer a indústria dos Estados Unidos, ela desorganiza o comércio internacional e cria um ambiente de instabilidade que prejudica todos, sobretudo os países em desenvolvimento”, disse Haddad.
Segundo o ministro, o Brasil deve buscar uma saída negociada, mas não descarta recorrer a mecanismos multilaterais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC), para contestar as sobretaxas. “É preciso dialogar, mas também defender a produção nacional e os empregos brasileiros”, reforçou.
Críticas à Magnitsky
Além das tarifas, Haddad criticou a aplicação da Lei Magnitsky, legislação que permite a governos como os dos EUA sancionar indivíduos e empresas estrangeiras acusados de violações de direitos humanos. A crítica veio um dia após a decisão dos Estados Unidos de sancionarem a esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
De acordo com o ministro, a prática tem sido usada de forma política e sem garantias de devido processo.
“São medidas unilaterais, muitas vezes aplicadas de maneira arbitrária. O problema é que elas acabam atingindo setores inteiros de uma economia, e não apenas os responsáveis diretos por irregularidades”, afirmou.
Haddad defendeu que o combate a violações e crimes internacionais deve ocorrer em fóruns multilaterais, sob regras claras e reconhecidas globalmente, e não por decisões isoladas de uma única potência.
Impacto das medidas
A sobretaxa imposta pelo presidente dos EUA, Donald Trump, atinge principalmente o setor siderúrgico e agrícola brasileiro, que teme perdas bilionárias e a redução da competitividade em mercados estratégicos. Empresários do setor pedem que o governo brasileiro adote medidas de retaliação caso as negociações não avancem.
Para Haddad, o momento exige firmeza, mas também cautela diplomática.
“O Brasil não vai aceitar passivamente medidas que prejudiquem sua economia. Mas é sempre preferível buscar soluções pelo diálogo, dentro das regras internacionais”, concluiu