Haddad diz que Executivo e Legislativo conseguiram "colocar ordem no caos tributário"
Ministro da Fazenda destaca aprovação de medidas no Congresso, defende revisão do Imposto de Renda e reforça compromisso com o equilíbrio fiscal

Warley Júnior
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participou nesta segunda-feira (29) de um evento com empresários em São Paulo. Durante a fala, ele afirmou que a cooperação entre Executivo e Legislativo foi essencial para "colocar ordem no caos tributário".
"Raramente tantos temas avançaram juntos assim. É motivo de agradecimento. Legislativo e Executivo conseguiram dar ordem ao caos e trazer um pouco mais de justiça ao sistema tributário", disse Haddad.
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Haddad avaliou que a discussão sobre a agenda econômica no Congresso está "madura" e que as propostas do governo têm sido, de modo geral, bem recebidas pelos parlamentares. Ele agradeceu a parceria entre Executivo e Legislativo, que permitiu o avanço de pautas importantes como a revisão do sistema tributário, descrito por ele como "caótico" e "injusto".
O ministro defendeu as reformas em andamento, incluindo a tributária, e disse que a agenda tem melhorado o ambiente de negócios no país.
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“Talvez em três anos eu não tenha lembrança de tantas coisas estruturais terem sido resolvidas pelo Congresso. Nós estamos botando ordem no caos e trazendo um pouco mais de justiça para um sistema tributário que é regressivo. Esse conjunto de reformas já fez o PIB potencial do Brasil sair de 1,5% para 2,5%", disse.
Isenção do Imposto de Renda
O ministro voltou a defender a revisão da tabela do Imposto de Renda (IRPF) para trabalhadores da classe média, ao mesmo tempo em que reafirmou o compromisso de aumentar a taxação sobre os mais ricos. Segundo Haddad, a proposta é ampliar a faixa de isenção para aliviar a carga sobre quem ganha menos e compensar a perda de arrecadação com medidas voltadas à tributação de altos rendimentos.
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Segundo Haddad, para cumprir a promessa de campanha de isentar rendas de até R$ 5 mil, o Ministério da Fazenda propôs a criação de um "Imposto de Renda mínimo" de 10% sobre rendas anuais superiores a R$ 1 milhão que hoje não são tributadas. Haddad considera a proposta promissora e bem recebida no Congresso.
"O presidente Lula resolveu, como sempre, cumprir a sua promessa de campanha, cobrou da área econômica uma uma solução que fosse sustentável. E a ideia que surgiu no Ministério da Fazenda para compensar me parece uma ideia muito promissora, a ideia de um Imposto de Renda mínimo no país. E é um imposto que leva em consideração o tributo que é pago pela pessoa jurídica. Então é um arranjo que no nosso entendimento ia ser bem recebido e foi bem recebido", disse.
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Haddad também comentou sobre a expectativa de votação do projeto, prevista para esta quarta (1º) na Câmara dos Deputados.
Tarifaço de Trump
Haddad classificou como tiro no pé a sobretaxa imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. O ministro declarou que em maio, durante um encontro, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, concordou que que a medida não tem lógica econômica, já que o Brasil e a América do Sul acumulam um déficit de US$ 410 bilhões na balança comercial com os americanos nos últimos 15 anos.
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"Todo mundo há de convir que não faz o menor sentido do ponto de vista econômico, nem para eles, nem para nós. Economias amigas há 200 anos, países amigos há 200 anos. Nunca tivemos problema. Então, eu acho que foi um tiro no pé deles, totalmente um tiro no pé, inclusive para a economia americana. Faz sentido pagar mais caro no café? Pagar mais caro na carne? Não faz o menor sentido", disse.
Para Haddad, a medida tem motivação política.
"O presidente dos Estados Unidos pode ter a preferência que ele quiser e manifestar essa preferência. Não é muito usual um presidente querer se meter na eleição de outro país, mas acontece. Agora, tentar usar tarifa como arma política, na minha opinião, é um equívoco que deveria ser corrigido o quanto antes", afirmou.
Após "química" na ONU
Haddad também afirmou que a estratégia do governo brasileiro é diplomática, baseada no diálogo, e destacou o discurso do presidente Lula na ONU.
"Aqui não tem autocrata no Executivo, tem um democrata. Faz muita diferença. O discurso do presidente Lula na ONU foi muito oportuno, no momento certo, gerou um clima mais amigável. Nós temos que explorar isso porque os nossos dois povos não vão brigar. Não faz sentido essa animosidade artificialmente criada. Não faz sentido essa animosidade artificialmente criada. Eu acredito que ela vai ser superada", declarou.
Segundo Haddad, as tarifas não terão impacto macroeconômico no Brasil, mas podem prejudicar famílias ligadas a setores atingidos.
"Impacto macro na economia brasileira não vai ter. Agora, o micro vai, atrapalha muitas famílias brasileiras que dependem desses setores. Mas eu não penso que isso vai durar. Eu sempre acredito que o bom senso vai prevalecer", afirmou.