Haddad diz que dólar deve chegar a "patamar adequado" e ajudar na queda de preço dos alimentos
Ministro da Fazenda creditou alta da moeda norte-americana à eleição de Donald Trump
Vinícius Nunes
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira (7) que o preço dos alimentos deverá cair nas próximas semanas, isso se o dólar chegar a um "patamar adequado" em relação ao real. Deu a declaração em entrevista à rádio Manhã Cidade, de Caruaru (PE).
"Então, se o produtor está recebendo mais em reais em virtude do dólar ter se apreciado, isso acaba tendo impacto nos preços internos. Então também a política que nós estamos adotando para trazer esse dólar para o patamar mais adequado também terá reflexo nos preços [dos alimentos] nas próximas semanas", disse o ministro da Fazenda.
Para Haddad, a alta da moeda norte-americana, no final de 2024, se deu muito pela eleição do presidente Donald Trump nos Estados Unidos. À época, o dólar chegou a R$ 6,30, o maior valor da história. Hoje, a moeda está em R$ 5,76 – o menor patamar desde novembro.
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Haddad também afirmou que os preços dos combustíveis devem ter uma queda assim que o dólar chegar a este "patamar adequado". "Com o dólar voltando ao normal depois da eleição do Trump, você pode observar que teve uma disparada do dólar, e a gente importa gasolina e diesel, e isso tem reflexo no preço", disse.
É importante destacar que a alta dos preços da gasolina e do diesel, no último sábado (1º), se deu pela mudança na forma de calcular o imposto estadual, o ICMS.
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Taxa de juros
Sobre a taxa básica de juros, a Selic, o ministro da Fazenda afirmou que a política monetária não pode "jogar o país em recessão". Em 29 de janeiro, o Comitê de Política Monetária (Copom), órgão do Banco Central do Brasil (BC), subiu a Selic, taxa básica de juros, pela quarta vez seguida, para 13,25% ao ano, aumento de um ponto percentual.
Para Haddad, a alta dos juros pode ser boa para controlar a inflação, desde que seja equilibrada.
"Depende da hora e depende da dose. Se está tendo um repique inflacionário, precisa corrigir. O remédio é aumentar a taxa de juros para coibir alta de preços, mas isso tem de ser feito da maneira correta, na dose certa. É como antibiótico, não pode tomar a cartela em um dia, não pode tomar nem menos e nem mais. Política monetária tem que ter sabedoria. Não pode jogar o país em uma recessão", afirmou.