Governo afirma que irá negociar com a China após anúncio de tarifas na carne
Taxação vale para todos os países e pode afetar exportações brasileiras; governo diz que haverá ação coordenada para reduzir impactos


Antonio Souza
SBT News
O governo brasileiro afirmou nesta quarta-feira (31) que irá negociar com a China para reduzir os impactos da tarifa adicional de 55% sobre as importações de carne bovina, anunciada pelo governo chinês.
“O governo brasileiro tem agido de forma coordenada com o setor privado e seguirá atuando junto ao governo chinês, tanto em nível bilateral quanto no âmbito da OMC, com vistas a mitigar o impacto da medida e defender os interesses legítimos dos trabalhadores e produtores do setor”, diz trecho da nota.
Ainda no comunicado, o governo brasileiro, representado pelos ministérios do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), das Relações Exteriores (MRE) e da Agricultura e Pecuária (Mapa), destacou que o setor pecuário do país tem sido um fornecedor consistente e confiável para a China, contribuindo para a segurança alimentar do país asiático.
“Ao longo dos últimos anos, o setor pecuário brasileiro tem contribuído de maneira consistente e confiável para a segurança alimentar da China, com produtos sustentáveis e competitivos, submetidos a rigorosos controles sanitários”, diz nota.
Tarifas chinesas na carne bovina
Nesta quarta-feira (31), a China informou que imporá uma tarifa adicional de 55% sobre importações de carne bovina que excederem os níveis de cota dos principais países fornecedores. Além do Brasil, Austrália e Estados Unidos serão impactados pela medida.
A cota total de importação para 2026 para os países atingidos pelas novas “medidas de salvaguarda” é de 2,7 milhões de toneladas, praticamente em linha com o recorde de 2,87 milhões de toneladas importadas em 2024.
O país asiático respondeu por 52% das vendas externas do setor em 2024. O Brasil, por sua vez, é a principal origem das importações de carne bovina do mercado chinês.
Em 2024, a China importou 1,34 milhão de toneladas de carne bovina do Brasil, 594.567 toneladas da Argentina, 243.662 toneladas do Uruguai, 216.050 toneladas da Austrália, 150.514 toneladas da Nova Zelândia e 138.112 toneladas dos EUA.
Nos primeiros 11 meses deste ano, o Brasil embarcou 1,33 milhão de toneladas de carne bovina para a China, de acordo com dados da alfândega chinesa, volume bem acima das cotas estabelecidas pelas novas medidas de Pequim.
A decisão da China ocorre em um momento de escassez global de carne bovina, que tem pressionado os preços em diversas regiões do mundo, inclusive para níveis recordes nos Estados Unidos.
A medida também foi anunciada em meio a um cenário de alta nos valores do produto em diferentes mercados globais, reflexo da menor oferta internacional.









