Alerta: Golpe do boleto falso atinge microempreendedores individuais
MEIs pagam taxas inexistentes sem perceber a fraude – alguns chegam a sofrer ameaças para quitar valores indevidos
Marco Pagetti
Tamiris Finco Cavalcanti decidiu abrir uma MEI há quase um ano. Apenas dois dias depois, recebeu um e-mail informando sobre uma taxa extra e um boleto de cobrança. Foi o primeiro de vários. "Tentei contato para entender de onde veio essa cobrança, mas não tive nenhum retorno", conta Tamiris Finco Cavalcanti, consultora comercial.
No site Reclame Aqui, há mais de 500 reclamações apenas contra uma empresa de marketing digital, apontada como emissora desses boletos. A maioria das reclamações cita cobranças indevidas.
+ Isenção do Imposto de Renda: quem ganha entre R$ 5 mil e R$ 7 mil também terá mudanças
O advogado Mário Filaretti também foi vítima do golpe. Tudo começou com uma ligação oferecendo um serviço digital. "Eu desliguei o telefone e, de repente, chegou um boleto de R$ 150. Diziam que, se eu não pagasse, meu nome iria para protesto. Esperei para ver, e realmente aconteceu. Hoje, estou em processo de indenização", diz Filaretti.
Ana Carolina Queiroz trabalhou em uma dessas empresas e conta que os funcionários eram orientados a insistir agressivamente para que os clientes pagassem. "A palavra correta é que eu era 'grossa'. O cliente era ameaçado o tempo inteiro de que, se não pagasse, teria o CNPJ negativado." Agora, ela também entrou na Justiça alegando não ter recebido seus direitos trabalhistas.
+ PF prende nove pessoas em operação para combater fraudes contra o INSS
"Procuramos bens no nome da empresa, mas não encontramos nada. Tudo indicava que era uma daquelas empresas de fundo de quintal", diz Giovane Biancolin, advogado da ex-funcionária.
Como evitar cair no golpe
Basta uma pesquisa rápida na internet para encontrar informações como e-mail, telefone e até o CPF de um microempreendedor individual. Com esses dados, criminosos conseguem gerar boletos de serviços nunca contratados, confundindo empresários que gerenciam pequenos negócios.
+ Polícia Federal prende suspeito de vazar e vender sentenças do STJ
Segundo especialistas, como os valores não costumam ser altos, muitos preferem pagar para evitar transtornos, sem perceber que se trata de uma fraude.
"O primeiro passo é registrar um boletim de ocorrência, pois isso pode caracterizar estelionato. Antes de pagar, verifique se o boleto tem respaldo jurídico, se o valor é o correto e se a cobrança vem realmente da empresa contratada", orienta Marco Antonio Araújo Júnior, especialista em Direito do Consumidor.
A recomendação é sempre conferir as informações antes de qualquer pagamento, para evitar prejuízos e dores de cabeça.
