Déficit primário do setor público soma R$ 6,6 bilhões em novembro; dívida líquida atinge 61,2% do PIB
Resultado é menor que o do mesmo mês de 2023; juros nominais dispararam, impactando contas públicas
Warley Júnior
O setor público consolidado registrou um déficit primário de R$ 6,6 bilhões em novembro de 2024, valor bem inferior ao déficit de R$ 37,3 bilhões registrado no mesmo mês do ano passado. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (30) pelo Banco Central (BC).
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Entre os componentes do setor público, o Governo Central teve um déficit de R$ 5,7 bilhões, e as empresas estatais registraram um déficit de R$ 1,3 bilhão. Por outro lado, os governos regionais apresentaram um superávit de R$ 405 milhões.
No acumulado dos últimos doze meses, o setor público consolidado somou um déficit primário de R$ 192,9 bilhões, o equivalente a 1,65% do PIB. Esse valor representa uma melhora em relação ao déficit acumulado até outubro, que era de 1,93% do Produto Interno Bruto (PIB).
Apesar disso, os juros nominais cobrados sobre as dívidas públicas pressionaram as contas. Apenas em novembro, esses juros totalizaram R$ 92,5 bilhões, mais que o dobro dos R$ 43,6 bilhões registrados no mesmo mês de 2023. O aumento foi influenciado, entre outros fatores, por perdas nas operações de swap cambial.
Combinando o resultado primário e os juros nominais, o déficit nominal do setor público consolidado chegou a R$ 99,1 bilhões em novembro. No acumulado de doze meses, o déficit nominal alcançou R$ 1,111 trilhão, o equivalente a 9,50% do PIB, mostrando um leve aumento em relação aos 9,42% registrados até outubro.
Dívida líquida e bruta
A Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) atingiu 61,2% do PIB (R$7,2 trilhões) em novembro, uma redução de 0,3 ponto percentual em relação ao mês anterior. O resultado foi influenciado pela desvalorização cambial de 4,8% no mês, pela variação do PIB nominal, pelos juros nominais apropriados e pelo déficit primário.
No acumulado do ano, a DLSP aumentou 0,8 p.p. do PIB, devido principalmente aos juros nominais, ao déficit primário e ao reconhecimento de dívidas, apesar dos efeitos da desvalorização cambial e do crescimento do PIB nominal.
Já a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG), que inclui governo federal, INSS e governos regionais, alcançou 77,7% do PIB (R$ 9,1 trilhões) em novembro, com redução de 0,1 p.p. em relação ao mês anterior. Esse resultado foi influenciado pelo crescimento do PIB nominal e pelo resgate líquido de dívida, enquanto os juros nominais e a desvalorização cambial tiveram impacto oposto.
No acumulado do ano, a DBGG aumentou 3,9 p.p. do PIB, refletindo principalmente os juros nominais, a emissão líquida de dívida e a desvalorização cambial acumulada, contrabalançados pelo crescimento do PIB nominal.