Confiança da indústria recua em julho em meio a incertezas tarifárias, diz FGV
Índice de Confiança da Indústria (ICI) caiu 2,0 pontos em julho na comparação com o mês anterior, indo a 94,8 pontos

Reuters
A confiança da indústria no Brasil recuou pelo segundo mês consecutivo em julho com uma forte piora no indicador sobre as expectativas para os próximos meses em meio às incertezas provocadas pelas tarifas dos Estados Unidos, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta terça-feira (29).
A piora do indicador acontece no momento em que o Brasil enfrenta a perspectiva de entrada em vigor na sexta-feira (1º) de uma tarifa de 50% dos Estados Unidos sobre produtos do Brasil, conforme o governo busca negociar com Washington a fim de evitar a imposição da taxa.
O Índice de Confiança da Indústria (ICI) caiu 2,0 pontos em julho na comparação com o mês anterior, indo a 94,8 pontos, de acordo com os dados da FGV. Esse foi o menor patamar registrado em 2025.
+ EUA e China retomam negociações na Suécia para aliviar hostilidades tarifárias
"O resultado da sondagem deixa em evidência a complexidade da macroeconomia para o setor industrial... A combinação entre a contração da política monetária e o aumento da incerteza, intensificada pelas novas taxações sobre produtos brasileiros, configura um cenário desafiador para o setor", disse Stéfano Pacini, economista do FGV Ibre.
Principal responsável pelo resultado de julho, o Índice de Expectativas (IE), indicador da percepção sobre os próximos meses, teve baixa de 4,0 pontos no mês, a 92,5 pontos, o menor nível desde 2021.
Por outro lado, o Índice de Situação Atual (ISA), que mede o sentimento dos empresários sobre o momento presente do setor industrial, subiu 0,3 ponto e foi a 97,3 pontos, segundo a FGV.
"A queda da confiança da indústria em julho sugere continuidade da trajetória descendente do setor. Apesar da moderada recuperação na percepção sobre a situação presente, as expectativas futuras reforçam o cenário de pessimismo entre os empresários", afirmou Pacini.
Entre os quesitos que integram o IE, houve uma piora generalizada. A medida de expectativas de emprego recuou 4,8 pontos, para 97,1 pontos, alcançando o pior resultado desde janeiro de 2024 (95,7 pontos). O indicador de tendência dos negócios teve queda de 3,6 pontos, a 88,1 pontos.
+ “Trabalho para que eles não encontrem diálogo”, diz Eduardo Bolsonaro sobre missão do Senado aos EUA
Já para o ISA, a principal influência para o ganho ligeiro veio do quesito de situação atual dos negócios, que avançou 1,5 ponto, para 97,4 pontos.
O Banco Central volta a se reunir nesta terça-feira para mais uma reunião de política monetária, com ampla expectativa de que anuncie na quarta a manutenção da taxa de juros em 15,00%, como os membros indicaram na reunião anterior que poderiam fazer.