China critica tarifas dos EUA sobre o Brasil como ferramenta de "intimidação"
Governo chinês cita princípios da Carta da ONU sobre igualdade soberana e não interferência em assuntos internos para criticar decisão de Trump

SBT News
com informações da Reuters
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, criticou, nesta sexta-feira (11), a utilização de tarifas como "ferramentas de coerção, intimidação ou interferência nos assuntos internos de outros países", ao ser questionada sobre o aumento de tarifas dos EUA sobre o Brasil.
O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou na quarta-feira (9) que tarifas de 50% serão cobradas sobre produtos importados do Brasil "em parte devido aos ataques insidiosos do Brasil às eleições livres e aos direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos". As novas tarifas devem entrar em vigor a partir de 1º de agosto, se não houver negociação.
"A igualdade soberana e a não interferência em assuntos internos são princípios fundamentais da Carta da ONU e normas básicas das relações internacionais", disse Mao em uma coletiva de imprensa em Pequim. "Tarifas não devem ser usadas como ferramenta de coerção, intimidação ou interferência nos assuntos internos de outros países".
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Resposta do Brasil
Em nota publicada na rede social X (ex-Twitter), Lula disse que qualquer aumento unilateral de tarifas será respondido com reciprocidade conforme previsto na legislação brasileira.
"Qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica. A soberania, o respeito e a defesa intransigente dos interesses do povo brasileiro são os valores que orientam a nossa relação com o mundo", afirmou.
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Lula rebateu ainda a justificativa econômica apresentada por Trump, dizendo que é falsa a informação sobre um déficit comercial dos EUA com o Brasil.
Segundo ele, dados do próprio governo norte-americano mostram um superávit de US$ 410 bilhões em favor dos Estados Unidos nos últimos 15 anos.
O presidente também declarou que o Brasil não aceitará qualquer tipo de ameaça ou tentativa de tutela.
"O Brasil é um país soberano, com instituições independentes, e não aceitará ser tutelado por ninguém", afirmou.
Segundo Lula, o processo contra os responsáveis pela tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022 cabe exclusivamente à Justiça brasileira, "sem qualquer ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais".
Para lidar com o tarifaço, o presidente anunciou a criação de um comitê que deve reunir governo e empresários para estudar quais medidas serão adotadas à medida econômica norte-americana.