Setor de carros elétricos reclama de mudanças na reforma tributária
Isenções para carros com combustível fóssil podem frear a venda de carros elétricos
SBT News
Mudanças no texto da reforma tributária, feitas pelo Senado, mexeram com os planos das montadoras de carros, que investiram em energia limpa no Brasil.
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As isenções para veículos com combustível fóssil podem frear a venda de carros elétricos, por exemplo, e o setor teme a perda de investimentos.
Na proposta original, a prorrogação dos incentivos até 2032 seria limitada a modelos híbridos ou 100% elétricos. Mas ao apagar das luzes no senado, os congressistas incluíram os veículos flex nos incentivos fiscais.
A medida beneficia as montadoras que fabricam carros biocombustíveis, mas atrapalha o setor que está investindo pesadamente na frota de combustíveis limpos, como carros elétricos.
Para o advogado tributário, Jean Simei, uma batalha que será travada novamente na câmara, para onde a reforma voltará.
"Com essa nova votação na Câmara, essa mudança deve cair. A ideia da reforma toda é dar mais incentivo para indústria que foca nos veículos elétricos numa energia limpa e um Brasil menos poluído.", afirma Simei.
A indústria automobilística está atenta à reforma, porque a diminuição no número de impostos de cinco para dois deve facilitar os negócios.
Milena Sipas, diretora de um grupo de concessionárias, acredita que até o preço final dos veículos também pode baixar. Sipas explica que como o IVA será igual em todo o país, a concorrência deve aumentar.
Um veículo em São Paulo terá imposto equivalente a um carro em Minas Gerais ou no Paraná. "Quando vendo veículo para outro estado, tenho que me submeter às regras de tributações de outro estado. E na unificação isso ficará mais simples, consequentemente pode beneficiar o comprador na conta e facilitar nosso dia a dia.", diz a diretora comercial.
Outra mudança mexe mais diretamente com o bolso do consumidor todo começo de ano. Na Reforma Tributária há também alterações na cobrança do IPVA e prevê, por exemplo, que o imposto seja cobrado progressivamente para veículos luxuosos ou mais poluentes.
Hoje um carro de luxo e um carro popular pagam a mesma alíquota do IPVA definida pelos estados.
Esse tipo de cobrança gerou uma procura pelo preço de emplacamento mais barato, independentemente da residência do motorista. Com a reforma, os estados continuam definindo o valor do IPVA, mas a ideia da reforma é que carros mais populares tenham taxas menores.
"Com a reforma os estados podem diferenciar essas alíquotas e cobrar menos de quem tem um carro mais barato e cobrar mais de quem tem um maior preço. Acho que isso ajusta nosso sistema à nossa realidade, e cobra um pouco mais de quem tem um pouco mais no caixa., afirma Simei.
Entre os consumidores mais ansiosos com os reflexos da reforma no preço final dos carros estão os taxistas. Vagner Cardoso, que troca o carro a cada cinco anos, espera poder trocar a cada dois anos.
"Você sabe que vai pagar lá na frente um valor menor. Todos tem a ganhar.", conclui o taxista.