Economia americana gera o dobro dos empregos esperados para setembro
Resultado faz analistas considerarem mais uma alta nos juros em novembro ou manutenção por tempo prolongado
Um dos dados da economia mais aguardados da semana surpreendeu: o mercado de trabalho americano criou 336 mil vagas de emprego em setembro, o dobro das 170 mil esperadas pelos analistas e pela média de mercado. Pra completar, os dados anteriores, relativos a agosto, foram revistos de 187 mil para 227 mil. Já o cenário do desemprego manteve-se em linha com a média das projeções, à taxa de 3,8%.
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É um termômetro importante da atividade econômica, e vai estar na mesa da direção do Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) na hora de decidir o rumo da taxa de juros, em novembro. O payroll (folha de pagamentos) discrimina não apenas os postos criados, as vagas em aberto mas também como anda a pressão sobre os salários, todos fatores que podem exercer papel determinante sobre os preços, logo, sobre a inflação. E daí....sobre os juros.
Causas
"Serviços" gerou a maior proporção de contratações. Destaque para a abertura de serviços, com a criação de 234 mil postos, acelerando de uma média próxima de 130 mil nos dois meses anteriores.
Já com vistas aos rendimentos, o salário médio por hora desacelera. Isso aponta para maior controle da inflação no longo prazo. Os dados de salários atenuaram brevemente o choque causado pelo payroll, visto que houve avanço de 0,2% MoM, marginalmente abaixo da expectativa de 0,3%.
Efeitos
Os analistas de mercado ainda não assumiram visão consensual sobre o rumo da política monetária a partir dos dados do trabalho. Na reunião de 01/11/23, é bem provável uma nova alta de 0,25 ponto percentual. Falar em cortes de juros é aposta que deve se confirmar apenas em 2024. Mas a alternativa da manutenção da taxa e, aí sim, por período mais prolongado, também está colocada.
Repercussões
Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos
"Com os dados da pesquisa de emprego ficando relativamente bem comportados, o payroll traz um veio muito positivo para a divulgação de hoje [6ª(06.oct)], o que deve reforçar a preocupação com austeridade do Fed, mas principalmente, consolidar a posição de que a autoridade não iniciará o ciclo baixista de juro em breve, o que apostamos deverá ocorrer apenas no final de 2024".
André Perfeito, economista e consultor
"A boa notícia, apesar de todo o estrago que está sendo feito, é que este ajuste [ do cenário de juros nos EUA] está sendo muito mais rápido que eu imaginava e uma vez estabelecido a funcionalidade da curva de juros por lá poderemos ter um pouco de respiro nos mercados. Mas a verdade é que, se de fato a realização dos mercados for forte nos EUA, o Fed terá que parar de subir juros e algo me diz que podem até sinalizar uma das duas já o ano que vem:
1-) ou bem iniciam o corte de juros, ou,
2-) voltam a comprar títulos mais longos.
Fernando Honorato Barbosa, Diretor do Depto. Pesquisa do Bradesco
"A Atividade econômica nos Estados Unidos segue sem sinais de desaceleração acentuada. O mercado de trabalho deu novo sinal de aceleração em setembro, interrompendo tendência de acomodação nos últimos meses. A taxa de desemprego com ajuste sazonal se manteve em 3,8%. Leituras recentes da economia norte-americana, em especial do mercado de trabalho, reforçam um cenário de expansão do PIB no terceiro trimestre. Com isso, do ponto de vista da política monetária, as incertezas com os próximos passos do Federal Reserve permanecem elevadas, aumentando a probabilidade de uma alta adicional de 0,25 p.p. dos
juros na próxima reunião de política monetária, em novembro".
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