Desaceleração da indústria e dos serviços reduz custos do setor fabril
Indicador de Custos Industriais teve queda de 2,5% no primeiro trimestre do ano, diz CNI
Guto Abranches
Os custos da produção industrial tiveram queda de 2,5% no primeiro trimestre de 2023, em comparação com o último intervalo de três meses do ano passado. É o que atesta o Indicador de Custos Industriais (ICI), da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgado nesta 6ª(28.jul).
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Em um ano, o custo da indústria registra alta de 3,6%. A queda do primeiro trimestre pode ser explicada pelo recuo de dois dos três componentes do ICI: o custo de produção, que caiu 2,9%, e o custo tributário, que ficou 4,1% menor. No entanto, o custo de capital subiu 6,4%.
Na avaliação da CNI, o atual contexto de desaceleração da indústria e dos serviços contribuiu para que houvesse queda no indicador. Mas mesmo com essa queda no início do ano, os custos para a indústria ainda se encontram em patamar muito elevado em relação a série histórica e 15,5% acima do período pré-pandemia. Entram nessa conta os custos com energia, pessoal e intermediários. E todos caíram no primeiro trimestre do ano. "A queda do custo com pessoal foi influenciada pela perda do ritmo de crescimento do mercado de trabalho e percebemos que a menor pressão sobre os preços energéticos contribuiu para a queda do custo com energia", avalia Paula Verlangeiro, economista da Confederação. O fornecimento de insumos e matérias-primas está trilhando o processo de normalização e a redução dos preços desses bens explica a queda no custo com bens intermediários nacionais e importados, ainda segundo a economista.
Pessoal
O custo com pessoal é medido pelo rendimento médio nominal do trabalhador da indústria e apresentou queda de 7,2% na comparação do primeiro trimestre de 2023 com o quarto trimestre de 2022. Esse resultado é uma combinação da pequena variação no número de pessoas ocupadas (-0,3%) com redução da massa salarial nominal (-7,5%) no primeiro trimestre de 2023 em relação ao quarto trimestre de 2022.
O custo com energia registrou queda de 2,3% no primeiro trimestre na comparação com o quarto trimestre de 2022. No período, o custo com o gás natural caiu 8,6% e com óleo combustível, 5,4%. O custo com energia elétrica apresentou alta de 4,8%. Esta alta foi provocada principalmente pelo aumento nas tarifas incidentes sobre a energia elétrica. Na comparação do primeiro trimestre de 2022, quando a guerra na Ucrânia começou e elevou os preços, o custo com energia caiu 9,7%.
Custo de capital
O custo de capital, medido pela taxa de juros para capital de giro, entre janeiro e março deste ano subiu 6,4%. Na comparação com o mesmo período de 2022, a alta foi de 8,3%. E, em um ano, o custo de capital subiu 24,4%. Os aumentos foram influenciados pela manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em patamar elevado, além do endurecimento dos critérios para concessões de crédito nos bancos, dado o aumento dos riscos e o aumento das provisões bancárias.
O custo tributário recuou 4,1% no primeiro trimestre de 2023 ante o quarto trimestre de 2022. Ele é medido pela soma de tributos federais e estaduais pagos pela indústria, divididos pelo PIB industrial. Entre as explicações estão a queda na arrecadação de impostos federais (-8,9%) e estaduais (-8,8%), maior que a queda do PIB industrial (-4,9%).
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