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Economia

Do fast-fashion à moda sustentável: a virada ESG da indústria têxtil

Saiba como um setor baseado no consumo sem limites ainda pode ser rentável e, o melhor, sem comprometer o futuro

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Pouco tempo atrás, a seguinte frase pareceria incoerente para um executivo da moda: "A gente escolheu ter peças, coleções mais atemporais". Porém, atualmente, está no propósito de Guilherme Weege, CEO da Malwee, uma das maiores indústrias têxteis do Brasil. Assim como qualquer marca do setor, essa cresceu com o dinâmico giro das estações e das tendências internacionais de estilo para gerar lucro. Como será que faz, hoje em dia, para se manter no topo das mais bem-sucedidas fábricas de roupas?

De acordo com Guilherme, é possível. Mas é preciso se reposicionar. A Malwee escolheu não ser a marca que você usa poucas vezes, seja por seguir à risca um estilo excêntrico e cansativo ou por ser de qualidade ruim. Em vez dessas opções, preferiu ser aquela básica, multifuncional e de qualidade que gera relação de confiança com o consumidor. Além disso, a forma de fazer também teve adaptações. Tudo para não impactar negativamente o meio ambiente, a sociedade e a governança corporativa.

"É caro fazer uma peça de forma sustentável? Hoje não. A gente lançou dois ou três anos atrás o que a gente chama de 'o jeans mais sustentável do Brasil'. O jeans, na sua parte de lavanderia [durante a confecção], leva de 80 a 100 litros de água. A gente foi a primeira fábrica do mundo que fez isso com um copo de água [...] É uma fábrica em que, hoje, é mais barato produzir dessa forma do que o método convencional do mundo inteiro. Porém, teve muita energia, trabalhos de pesquisa e conversas com fornecedores para chegar lá", conta o executivo.

Ele detalha que deu trabalho convencer os parceiros, já que também precisariam mudar seus modos de operação para construir uma cadeia sustentável. Também houve investimentos em ciência para descobrir como economizar recursos naturais em cada processo. Mas, o mais importante acontece antes disso, a coragem para escolher o caminho desconhecido. 

O desconhecido também surpreende positivamente

Sempre há opções sobre como uma indústria têxtil pode produzir. Seja entre os tipos de máquinas e matérias-primas, que podem economizar recursos, ou pela maneira que emprega e trata os colaboradores. Atualmente, por exemplo, ainda é possível emitir gases de efeito estufa livremente. Desde que se compense adquirindo créditos de carbono de quem consegue mitigar mais do que o necessário.

Não foi a opção que Guilherme escolheu. Há quinze anos tem mudado o modo de operação em todas as áreas. A matéria-prima, por exemplo, é comprada somente da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), vinculada à Better Cotton Initiative (BCI), uma organização presente em 80 países. "Hoje, 42% de todo o algodão licenciado pela BCI vem de fazendas brasileiras. E a gente tem orgulho de dizer que 84% de nossa produção tem certificação socioambiental", conta Silmara Ferraresi, diretora de relações institucionais da Abrapa. São 35 parâmetros ESG aplicados ao campo. Ações que continuam no chão de fábrica da Malwee e também são acompanhadas pelo varejo e pelos consumidores.

O consumidor quer saber onde e como é feito

A cadeia sustentável dá segurança às marcas, que oferecem produtos rastreáveis e conquistam a confiança do consumidor. Principalmente, os mais jovens, que já entenderam a gravidade do problema em que o planeta foi colocado. Mas, ainda existe um porém, como explica analista em ESG da XP, Luiza Aguiar: "Esse consumo sustentável é muito impulsionado pelas gerações mais novas, que são mais suscetíveis a temas de sustentabilidade. Mas, ao mesmo tempo, também são consumidores de fast-fashion. Então, a gente ainda tem que entender como achar um ponto bom entre um e outro. Algumas grandes empresas de fast-fashion já estão usando a bandeira da sustentabilidade". Ou seja, contrariando o paradoxo de que não é possível produzir e vender mais e impactar menos.

A opinião de Luiza vai ao encontro da estratégia de Guilherme: "Tem muitas escolhas que o consumidor pode fazer que geram um impacto enorme sem que necessariamente ele precise comprar menos. A matemática nossa é que consumidores mais fiéis... se você pegar em países desenvolvidos, um público de 18 a 29 anos, 74% tem um engajamento, uma fidelidade muito maior à marcas".

Confira essas e outras ações da cadeia de produção têxtil no Foco ESG:

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