Publicidade
Economia

Justiça de São Paulo decreta falência da Livraria Cultura

Em decisão, juiz cita Saramago e admite "tristeza". A rede enfrentava problemas financeiros desde 2018

Imagem da noticia Justiça de São Paulo decreta falência da Livraria Cultura
Livraria Cultura
• Atualizado em
Publicidade

O juiz da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo, Ralpho Barros Monteiro, decretou nesta 5ª feira (9.fev) a falência da Livraria Cultura, uma das mais tradicionais do país. A rede estava em recuperação judicial desde 2018, diante dos altos custos de produção e da baixa demanda por livros. A crise econômica provocada pela pandemia, em 2020, agravou o cenário. 

A falência foi decretada porque a empresa não conseguiu cumprir com o acordo feito até então com a justiça. A rede deixou em aberto, entre outras obrigações, dívidas trabalhistas. "A recuperação foi pensada para socorrer apenas os devedores que realmente demonstrarem condições de se recuperar, posto que o seu processamento deve amparar somente devedores viáveis", descreveu no processo.  

Em uma decisão de 12 páginas, o magistrado não escondeu a frustração com o resultado.

"É com certa tristeza que se reconhece, no campo jurídico, não ter o grupo logrado êxito na superação da sua crise". O juiz reconheceu a importância do grupo e escreveu que "é notória a sua importância, e não apenas para a economia, mas para as pessoas, para a sociedade, para a comunidade não apenas de leitores, mas de consumidores em geral".

O escritor português, José Saramago, foi citado na decisão de Ralpho Barros Monteiro. "É de todos também sabida a impressão que a Livraria Cultura deixou para o Prêmio Nobel de Literatura José Saramago, que a descreveu como uma linda livraria, uma catedral de livros, moderna, eficaz e bela".
 
Na decisão que decreta a falência, o juiz determinou ao Banco Central o bloqueio de ativos financeiros e contas da rede e da holding responsável pela livraria, a 3H Participações. Também deu 48 horas para que sejam identificados e avaliados todos os bens do grupo.

História 

A Livraria Cultura foi fundada em 1947 por Eva Herz (1911-2001) no centro de São Paulo. Filha de imigrantes judeus da Alemanha, Eva montou um serviço de aluguel de livros chamado Biblioteca Circulante em sua casa na Alameda Lorena, em São Paulo. Os livros eram importados da Europa e sua clientela era principalmente de imigrantes. 

A rede já esteve presente em mais de 16 cidades do Brasil, como Brasília, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador.

Após anos de prejuízos, a rede fechou lojas e entrou com pedido de recuperação judicial para tentar se reerguer, em 2018.O pedido de foi aceito no dia 13 de Abril de 2019 pela justiça, para o grupo tentar reestruturar a dívida de 285 milhões de reais.

Publicidade

Últimas Notícias

Publicidade