Ano Novo imposto velho: as despesas que sempre chegam com janeiro
Se sobrou algum do 13º, vale a pena quitar dívidas ou preparar o pagamento do IPTU, IPVA, e material escolar
Está chegando um ano novinho em folha, mas tem coisa que é sempre a mesma: os primeiros dias do ano novo são recheados de contas que -- ufa -- você só paga uma vez... mas que chegam todas ao mesmo tempo: IPTU, IPVA, matrícula da escola das crianças, material escolar e por aí vai. O problema é que, como é voz corrente entre os economistas, "o bolso é um só".
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De tão conhecidas, essas despesas que pesam no orçamento nem podem ser chamadas de surpresa: todo janeiro, lá vem elas. O ideal, apontam os orientadores financeiros, era já ter selecionado ao menos uma parte do 13° pra quitar essas contas de primeira hora. Assim já dá pra dar uma "quebrada" no impacto que tanto imposto e obrigações inadiáveis provocam. E ainda mais porque, quase sem exceção, elas chegam sempre com um "reajuste" pra encarecer ainda mais a obrigação. Em São Paulo, por exemplo, a prefeitura estabeleceu um teto de 10% para o reajuste do IPTU, que passa a ser corrigido com base na inflação acumulada dos 12 meses anteriores. Em números atualizados, o acréscimo sobre o valor do imposto predial atual na capital paulista deve girar ao redor de 6%. Aí é avaliar: a prefeitura oferece em média um desconto de 3% sobre o total do IPTU pra quem pagar à vista. "Não vale a pena", dispara o economista da Faculdade do Comércio de São Paulo, Denis Medina. "O desconto é muito baixo. Vale mais a pena pagar parceladamente. De maneira geral, as prefeituras dividem em até dez vezes. Aí fica mais fácil encaixar no orçamento", diz o professor.
Como o IPTU é municipal, ele varia de cidade para cidade: do valor, ao método de reajuste -- se houver -- até as modalidades de pagamento. Convém ficar atento. E há casos também em que o proprietário é isento do tributo: imóveis de valor venal de até R$ 230 mil em São Paulo não pagam IPTU.
Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores - IPVA
O imposto pra quem tem carro costuma ser dos mais antipáticos: é caro, sempre tem algum acréscimo, quase sempre o desconto à vista não vale a pena e andar sem o documento em dia é arriscado.
Começou janeiro, fique atento: o pagamento do imposto do automóvel começa no dia 11. A partir daí, as parcelas -- para quem escolher dividir -- vão variar de acordo com o número final da placa do carro. Para quem decidir pagar de uma vez, o desconto em 2023 (3%) será bem menor do que o do ano anterior, que ficou em 9%. À semelhança do IPTU, pode valer a pena pagar parceladamente, mesmo que sem desconto, em até cinco vezes (no caso do estado de São Paulo). O detalhamento para a situação de cada estado pode ser acessado pela internet, nos sites das Secretarias de Fazenda estaduais.
Matrículas e material escolar
Para estas despesas, que são relativamente menores do que os impostos de início de ano, o consumidor pode lançar mão de algumas alternativas. O caso da matrícula escolar é o mais exigente. Salvo em situações de exceção, e somente mediante negociação com os estabelecimentos, a matrícula da escola deve ser paga à vista e logo no início do ano letivo. É um daqueles casos em que, mais do que nunca, vale ter uma reserva, por exemplo, de parte do 13º. Com o material escolar é parecido, a não ser pelo fato de que os pais podem se valer de um cartão de crédito -- inclusive para administrar o pagamento como for mais conveniente.
Se o cartão não for uma alternativa, há instituições bancárias que oferecem crédito (empréstimos, financiamentos) especialmente destinados à compra do material escolar. Atenção: como se trata de crédito, sempre haverá cobrança de juros que, com a taxa Selic ainda elevada, tendem a ficar pesados para o pai-consumidor. De qualquer maneira, são modalidades de crédito normalmente mais baratas do que girar o saldo em aberto no cartão de crédito ou usar o limite do cheque especial. Com o Pix muito na moda -- e, convenhamos, resolvendo com agilidade a movimentação financeira --, vale a penas às vezes pechinchar. Estabelecimentos como papelarias e livrarias têm oferecido sempre algum desconto para pagamentos no débito à vista ou na transferência via Pix. O melhor é avaliar caso a caso.
Geral pagando
Veja abaixo algumas dicas para organizar seus recursos, tempo e paciência para tanta despesa logo de cara.
- IPTU, IPVA, matrícula e material escolar são despesas "não recorrentes", quer dizer, não se repetem durante todo o ano. São cobradas uma única vez -- não confundir com a opção pelo parcelamento -- e no orçamento da família devem ser separadas das contas de todo mês, como água, luz, alimentação e etc.
- Para quem tem dívidas, reservar ao menos 30% dos recursos para quitar as contas em aberto. Se for possível destinar mais, não tenha dúvidas. Ficar sem dívidas sempre deve ser prioridade. Claro, desde que isso não comprometa o pagamento de despesas essenciais como alimentação, transporte e etc. Com tudo isso equacionado, vale destinar ao menos parte para o lazer e até para os investimentos.
- Quem não tem dívidas, equacionar as despesas de todo mês e deve separar parte para lazer e cultura. E a reserva financeira, via investimentos, também merece receber ao menos um pouquinho por mês. Dica: não despreze os pequenos valores, mesmo na hora de investir. É melhor botar o dinheiro para trabalhar para você, mesmo que de pouco em pouco. Ele entende do negócio e vai cuidar do próprio crescimento. Aí o segredo é: guardou, não mexe.
"Vale a pena se organizar porque as pessoas acabam usando o 13º pra comprar presentes e viajar no verão e não se programa pra janeiro. Mas é importante lembrar que essas contas vêm e vêm logo no começo do ano. Também, conseguindo se livrar delas... só no outro janeiro. Chega a ser um alívio"
Denis Medina, FAC-SP
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