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Presidente do Banco Central fala em alta adicional dos juros e bolsa cai

Mercado fazia contas até de cortes na taxa Selic ao longo de 2023: " isso desapareceu", diz analista

Presidente do Banco Central fala em alta adicional dos juros e bolsa cai
Roberto Campos Neto
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Não é mistério, no mercado financeiro, que muita gente já dava como certo o início dos cortes na taxa de juros no ano que vem. Mas declarações de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, e do diretor de política monetária da instituição, Bruno Serra, não só atuaram pra dissipar esta idéia como ainda azedaram mais o humor dos analistas: deixaram no ar a possibilidade de uma elevação a mais da Selic, de 0,25 ponto percentual. 

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"Residual"

A palavra do dia para mexer com os corações e mentes do meio financeiro foi "residual": ela foi usada pelo diretor de Política Monetária do BC, Bruno Serra, para apontar que a autoridade monetária vai considerar, agora em setembro, a possibilidade de um novo aperto nos juros em caráter adicional. Para o BC, o controle da inflação ainda estaria em estágio muito "incipiente". Culpa, segundo Serra, da memória inflacionária. "Precisamos reagir rápido e de forma contundente. O BC surpreendeu o mercado com um ciclo de alta mais longo em todo 2021. Mas a defasagem de política monetária é bastante longa, de forma incômoda, em torno de seis trimestres", sinalizou. 

Na noite da 2ª feira (5.set), o presidente do BC, Roberto Campos Neto, já tinha dito que a ideia prioritária da instituição é puxar a inflação em direção à meta, e não cortar juros. 

"A gente entende que tem que passar mensagem dura. A mensagem de hoje é a mesma do último Copom: que a gente disse que avaliaria um possível ajuste final". Roberto Campos Neto, pres. BC 

Como e porque

Para Campos Neto, as medidas de redução de impostos, promovidas pelo governo, estão conseguindo baixar a inflação de curto-prazo. Mas aponta que para 2023, não há ainda certeza sobre a política de impostos sobre combustíveis. Daí, diz que não há o que comemorar no enfrentamento da alta de preços. Os efeitos da Selic mais alta ainda não foram sentidos totalmente, garante ele. " A política de combate à inflação não pode se dar ao luxo de errar por menos", sentencia. 

Cenário global

E no campo internacional as pressões por altas de juros que possam segurar a inflação e, ao mesmo tempo, resultar numa indesejável piora do desempenho da atividade econômica em vários países, não constituem exatamente um fator a suportar qualquer otimismo. A inflação segue alta aqui e lá fora. "Vimos uma inflação mais baixa este mês, com medidas do governo que ajudaram a cair os preços de bens essenciais. E há sinais de descompressão lá fora que não se mostraram em todos os lugares", aponta o diretor Serra.

As indicações dos chefes do BC foram lidas no meio financeiro como uma espécie de dupla perda: primeiro, quando a autoridade praticamente descartou o início do corte de juros; e em segundo lugar, ao deixar indefinida a possibilidade de nova alta dos juros em setembro, ainda que residual. Como resultado, os principais indicadores do mercado financeiro tiveram dia de oscilações intensas, até apontarem de forma mais regular em direção ao território negativo. Na bolsa de valores, o ibovespa perdeu 2,17%, para baixar até os 109.763 pontos. Na outra ponta da gangorra, dólar em alta forte de 1,63%, até ser cotado a R$ 5,238. 

Repercussão

"Aventava-se que em breve assistiríamos a cortes de Selic. Cheguei a ouvir no mercado pessoa grande falando que isso poderia vir a ocorrer ainda este ano", salienta Étore Sanchez, economista chefe da Ativa Investimentos. Ele, pessoalmente, não apostava suas fichas em cortes ainda em 2022. Mas para 2023 já havia uma possibilidade mais encorpada no horizonte, na opinião dele. "Isso desapareceu. Mas com a comunicação marginalmente hawkish da autoridade, a ideia foi restabelecer a credibilidade, o compromisso com o regime de metas de inflação", pondera. 

"Os dois [Campos Neto e Serra] foram bem coordenados na fala e nos argumentos. Realmente as expectativas estão longe da meta, a deflação corrente é por causa do corte de impostos, a parte de serviços continua horrível. Eles não vão cortar juros esse ano, em nenhum cenário, então o melhor é manter o discurso bem duro até as expectativas caírem. Se lá na frente o cenário melhorar, aí eles podem cortar", considera Marcelo Freller, estrategista macro da XP.

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