Indústria e comércio revisam para cima projeção do PIB de 2022
Após reduzir a 0,9% no trimestre anterior, CNI reavalia e estima alta de 1,4%; ACSP aposta em 1,3%
Pablo Valler
A projeção para 2022 do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil foi revisada para cima pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Neste momento, estima-se uma alta de 1,4% em relação ao ano anterior, de acordo com informações enviadas em primeira mão para o SBT News.
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Diferença considerável com a estimativa de três meses atrás, de 0,9%. Mas, bem próxima dos 1,2% divulgados no início do ano.
"Lá em dezembro a gente acreditava que 2022 teria recuperação do mercado de trabalho, além da informação de que a inflação começaria a cair no segundo semestre. Assim teríamos aumento da massa salarial real", explicou o economista da CNI Mario Sérgio Telles.
A entidade representativa também tinha esperança de que a cadeia de insumos, prejudicada durante a pandemia com os portos fechados, seria normalizada. Principalmente no setor automobilístico. Siderurgia, máquinas e equipamentos, somadas à construção civil, que tinham tantos projetos engavetados, também demonstravam vonta de uma crescente retomada.
Entretanto, iniciou-se uma interferência quase impensável, uma guerra na Europa, com a invasão da Rússia na Ucrânia.
"A guerra pressionou os preços da commodities para cima e o grande impacto que isso tem sobre a inflação fez o Banco Central brasileiro aumentar ainda mais os juros, foi quando mudamos a projeção para 0,9%", lembrou o economista.
Por agora, ainda temos fatores negativos atuando com força. E o pior com previsão de que atuem por um período longo. Como a cadeia de insumos, que ainda passou por uma política covid-zero na China e mais interrupções nas exportações e a taxa básica de juros do Brasil com previsão do atual patamar para, pelo menos, até o começo do ano que vem.
Apesar desses problemas, a estabilidade do mercado de trabalho e os programas sociais vão impactar positivamente o comércio.
Para o economista, esses fatores têm mais força que a pressão negativa. Ele acha que o poder de compra do consumidor vai incentivar fábricas de móveis, vestuário e calçados. "Passados três meses de guerra, podemos crer em um PIB de 1,4%".
Em SP, comércio projeta PIB a 1,3% em 2022
Assim como a indústria nacional projeta um produto interno bruto de 1,4%, o comércio paulistano, o maior e mais forte do país, estima alta de 1,3% em relação ao ano passado.
Também é uma revisão para cima em relação ao que era divulgado desde o começo do ano, de 1,2%. A Associação Comercial de São Paulo divulgou o dado nesta 5ª feira (07.jun) para o SBT News.
"Se não fossem os benefícios sociais e reajustes de servidores estaduais e municipais, o crescimento seria ainda menor. Mas isso não quer dizer que o Brasil está bem e muito menos melhor que a Alemanha, como já disse por aí. Tem que comparar com países emergentes e o Brasil vai mal. Se comparar com a Alemanha, tem que lembrar que 1% de crescimento dela é muito maior que 1% do Brasil. Olha o tamanho da produção da alemã", ponderou Ulisses Ruis de Gamboa, economista da ACSP.