Juros altos vão aumentar inadimplência das empresas, diz Serasa Experian
Quase 80% das empresas inadimplentes têm dívidas entre elas próprias, e não com bancos ou setor financeiro
Guto Abranches
Na esteira do endividamento das pessoas físicas, começam a aparecer as consequências sobre a inadimplência das empresas. Pesquisa da Serasa Experian, à qual o SBT News teve acesso com exclusividade, aponta que 6,1 milhões de empresas de todos os portes estavam inadimplentes no Brasil no mês de maio.
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Aproximadamente 90% delas são micro ou pequenas. Com este perfil, o número de empresas que estavam sem quitar seus compromissos financeiros no mês passado era de 5.522.375. Os setores mais impactados são: serviços, com parcela de 51,6% (2.851.602 empresas) do total, e comércio, com 39,8% (2.198.154). A Indústria ficou com 8% (444.101) e os demais setores, 0,6% (28.518).
De acordo com o economista chefe da Serasa Experian, Luiz Rabi, as pendências das empresas são efeito direto do movimento que teve início por volta de outubro ou novembro do ano passado entre os consumidores pessoas físicas. "Há sempre um intervalo de tempo que leva perto de uns seis meses. Aí a conta das empresas começa a entrar no vermelho", diz ele.
Uma demonstração disso é a variação de 0,06% de abril para maio no volume de micros e pequenas inadimplentes. Praticamente estável. Mas a tendência de crescimento é contínua desde o fim do ano. O recorte de dezembro/21 a maio/22 já aponta uma alta de 3,9% entre as PJs endividadas. Maio/22 sobre maio/21 revelou evolução de 3,7%.
De PJ pra PJ
Os principais tipos de dívidas das empresas apontados pela Serasa Experian não estão, curiosamente, no setor financeiro ou semelhantes. Nada menos que 78,2% das pendências das pessoas jurídicas ocorrem entre elas próprias. "É um atacadista com um varejista, um atacadista com um fabricante, um prestador de serviços com fornecedor de insumos...", detalha Rabi.
É o endividamento no universo PJ, também conhecido como crédito mercantil, que escapa em boa medida ao peso do tacão dos juros do sistema financeiro. "Quando entra a cobrança de juros dos bancos, aí o cenário fica mais difícil. E com a economia nessa trajetória de juros altos prevista ainda pra durar um bom tempo, é de se avaliar que o endividamento das empresas está só começando. O segundo semestre vai ser muito difícil", diz Rabi.
Assista à entrevista completa sobre o cenário das Pessoas Jurídicas em tempos de endividamento elevado:
