Criptomoedas: tudo o que você precisa saber para começar a investir
Especialistas ouvidos pelo SBT News explicam passo a passo para entrar no mercado
Ganhando cada vez mais espaço e adeptos em todo o mundo, as criptomoedas ainda geram muitas dúvidas pela complexidade de suas operações. Pensando nisso, o SBT News ouviu especialistas e preparou um guia para quem quer começar a investir nesse mercado. Confira como a seguir:
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O que é uma criptomoeda?
Criptomoeda é o nome dado a uma moeda digital descentralizada protegida por criptografia, ou seja, por códigos extremamente complexos que protegem todos os dados das transações. "O termo é frequentemente utilizado para se referir a todos os criptoativos, mas nem todos os criptoativos se propõem a desempenhar um papel de moeda, que é ser um meio de troca. Por isso, não gosto de utilizar o termo criptomoeda, prefiro criptoativo", explica Paulo Boghosian, mestre em ativos digitais pela Universidade de Nicosia (Chipre) e co-head do TC-Cripto.
Ou seja, basicamente, uma criptomoeda é um tipo de criptoativo. A primeira criptomoeda criada foi o Bitcoin, em 2008, por meio de um ou mais criadores anônimos que se denominam Satoshi Nakamoto. O Bitcoin começou a ser implementado, na prática, somente em 2019. A proposta era de que o usuário pudesse fazer pagamentos e transferir a posse de algo utilizando a internet, mas de uma forma descentralizada, sem depender de um banco central, por exemplo.
"A ideia era que você pudesse fazer essas transferências utilizando a internet e surgiu como uma resposta à crise financeira de 2008", lembra Fabrício Tota, diretor de novos negócios do Mercado Bitcoin. Segundo ele, a criptomoeda foi criada para se desvencilhar dos processos burocráticos impostos pelo governo e por agentes reguladores.
"A partir da criação do Bitcoin, você consegue transferir a posse desse ativo digital de uma pessoa para outra sem depender de índices centralizadores", diz.
Como é feita a mineração?
A mineração nada mais é do que o processo de descobrimento da moeda. Vale lembrar que as moedas digitais são formadas por um código complexo que não pode ser alterado. Para serem registradas e validadas, um grupo de pessoas usa seus computadores para gravá-las no chamado blockchain.
O blockchain é onde as transações são registradas. Funciona assim: pessoas com computadores potentes usam suas máquinas para tentar resolver os problemas matemáticos complexos que verificam a validade das transações incluídas no blockchain, como se fosse uma grande charada a ser resolvida.
"Quem consegue adivinhar essa charada tem o direito de criar um novo bloco de transações. Por isso o nome blockchain, uma cadeia de blocos. Nesses blocos estão inseridas as transações e quem ganhou o direito de processar essas transações é recompensado com novas moedas", explica Fabrício Tota.
Assim, os mineradores competem entre si para ver quem consegue desvendar essas transações de forma mais rápida.
Para que servem?
"As criptomoedas servem tanto como meio de pagamento, para enviar e receber, quanto para reserva de valor. Eu posso colocar o dinheiro em uma criptomoeda para me proteger contra efeitos inflacionários, por exemplo", explica Marcelo Botelho, professor da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em criptomoedas.
Quais são as principais criptomoedas do mercado atual? Como é a variação de preços?
Hoje, Bitcoin e Ethereum são as principais criptomoedas do mercado. "Alguns destaques de criptomoedas que estão crescendo nos últimos anos e são promissoras são Solana, Avalanche e Terra", afirma Paulo Boghosian.
Já em relação aos preços, os valores podem variar bastante. "O mercado cripto é um mercado onde a formação de preços é completamente livre e sua negociação ocorre em diversas corretoras espalhadas pelo mundo. Isso significa que o ativo é ainda mais volátil do que a renda variável", avalia o especialista.
Resumidamente, a variação de preços funciona com base na lei de oferta e demanda. Assim, quando uma moeda está em alta no meio dos investidores, ela tende a se valorizar.
Quais são as vantagens e os riscos de entrar nesse mercado?
Para o professor Marcelo Botelho, a principal dica para quem quer começar a investir no mercado de criptomoedas é estudar.
"É preciso conhecer o que você está negociando para entender o valor por trás daquilo. Investir em criptomoeda é a mesma coisa que investir em uma moeda estrangeira. Claro que a gente tem uma expectativa de crescimento, porque no longo prazo imaginamos que a adesão por criptomoedas vai aumentar. Consequentemente, não tem criptomoeda para todo mundo, então a tendência é que os preços aumentem", pontua Botelho.
Segundo especialistas, é preciso entender ainda que o mercado das criptomoedas é de alto risco, já que uma série de fatores estão envolvidos no retorno que esse tipo de investimento pode oferecer. Além disso, alertam para os possíveis golpes que podem existir.
"Muitas pessoas não sabem o que estão fazendo e investem com o intuito de enriquecer rapidamente, e por isso acabam caindo facilmente em golpes. Existem muitos golpes nesse mercado, seja através de empresas que dizem investir em criptoativos mas na verdade são pirâmides, seja através do investimento em criptomoedas que não possuem projetos sérios", avalia Paulo Boghosian.
Por outro lado, Fabrício Tota, do Mercado Bitcoin, ressalta que o mercado está se desenvolvendo bem e com perspectiva para dar bons frutos no futuro próximo. "É uma tecnologia que tem sido transformadora para o mercado financeiro", diz. "É um universo muito promissor, cada vez mais as pessoas têm se interessado. E com o cenário instável na economia real, pós-pandemia, muita gente tem procurado essa alternativa do mercado cripto", arremata.