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Economia

Inflação e juros comprometem retomada da economia, avaliam especialistas

Elevação das taxas faz com que nem empresários consigam investir para gerar empregos

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Inflação e juros altos comprometem retomada da economia, avaliam economistas
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Preços altos nos mercados e postos de combustíveis, falta de insumos nas indústrias e crise econômica generalizada. Este é o cenário atual do Brasil, 5º país com maior percepção da inflação do mundo, segundo relatório da Ipsos. Além disso, quase nove em cada dez entrevistados brasileiros (87%) concordaram que 2021 foi um ano ruim para o país. 

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A população mais pobre foi a que mais sofreu os impactos da crise. No entanto, dessa vez, empresários também puderam sentir as consequências. "No ano passado, a gente teve fontes de pressão que oneraram os orçamentos de ricos e pobres. A inflação foi mais democrática, percebida por todo mundo. Vimos a energia elétrica ficar muito mais cara, combustíveis mais caros, bens duráveis mais caros. Tudo começou a subir mais, inclusive os serviços", afirma o economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas.

Com o aumento dos preços, houve a necessidade de uma política monetária mais rigorosa. Assim, a taxa básica de juros subiu e, como consequência, houve um desafio a mais para crescimento econômico: ver o Produto Interno Bruto (PIB) crescer. Isso porque, com o aumento do juros, significa que, agora, está mais caro para os empresários pegarem dinheiro para investir em suas indústrias, contratar novos funcionários e comprar máquinas. 

Assim, explica o economista, o juros mais alto -- e com previsão para subir ainda mais -- faz com que a expectativa de crescimento para o ano seja baixa. "Há uma expectativa de que a inflação suba menos esse ano, mas ela ainda vai crescer acima da meta e continuar diminuindo o poder aquisitivo das famílias", ressalta. 

Para Braz, a situação econômica do brasileiro teria melhora com a criação de mais empregos. Mas, no contexto de aumento de taxa básica de juros, é difícil melhorar o mercado de trabalho, exatamente pelo fato de as empresas estarem adiando seus investimentos. 

Baixa produção, alto preço

Fora isso, outro problema causado pela pandemia foi a desmobilização nas cadeias produtivas, forçando a parada de grandes indústrias em todo o mundo. Isso provocou uma falta de mercadorias que demorou a ser contornada e, quando tudo parecia se encaminhar para a normalidade, a indústria se deparou com outro problema: não havia insumos suficientes para dar conta da demanda pós-pandemia.

"Esse problema vem atrapalhando a produção e gera custos para a indústria, gera uma produção menor e, consequentemente, preços maiores para o consumidor", explica Marcelo Azevedo, gerente de análise econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI). "Nesse cenário de incerteza, os empresários reduzem a sua produção ou têm dificuldade de mantê-la, prejudicando o que poderia ser uma recuperação mais forte da atividade econômica", acrescenta. 

Por outro lado, segundo ele, o pior momento de escassez de matérias-primas ficou para trás. A crise ainda pode ser percebida, mas já apresenta alguns sinais de melhora. "A nossa expectativa é que isso continue ao longo do ano. Nesse primeiro semestre, ainda de forma gradual, vai deixar de ser um problema generalizado e vai passar a ser pontual em alguns setores", diz. 

O economista acredita também numa melhora da demanda, o que deve ajudar na inflação. Como resultado, se espera recuperação do poder de compra das famílias e algum ganho em margem salarial, o que não aconteceu no ano passado. "Essa combinação pode permitir uma produção industrial melhor, especialmente no segundo semestre deste ano", arremata Azevedo. 

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