Diretor da Febraban explica a terceira fase do Open Banking
Válida a partir desta 6ª feira (29.out), nova fase trará mais praticidade em pagamentos via Pix
Gabriel Sponton
A terceira fase do Open Banking passa a valer a partir desta 6ª feira (29.out). Em entrevista ao SBT News, Leandro Vilain, diretor executivo de Inovação, Produtos e Serviços Bancários da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), explicou as principais mudanças nessa etapa, como foram as duas primeiras fases e tirou as principais dúvidas sobre o novo serviço.
O que é Open Banking?
O Open Banking, ou sistema financeiro aberto, é a possibilidade de clientes de produtos e serviços financeiros compartilharem as informações pessoais, como dados cadastrais, histórico financeiro, investimentos e transações, entre diferentes instituições autorizadas pelo Banco Central. O serviço também permite movimentações financeiras a partir de diferentes plataformas e não somente por meio do aplicativo ou site do banco.
Primeira e segunda fase
A primeira de quatro fases do Open Banking foi implementada em fevereiro deste ano, a qual consistia no compartilhamento de dados das instituições participantes. Segundo Leandro Vilain, essa etapa está gerando cerca de 5 milhões de chamadas por mês, contudo, apesar de a primeira fase já estar quase consolidada, ele ressalta que ainda há muito espaço para crescimento e surgimento de produtos derivados deste compartilhamento.
Já a segunda fase do Open Banking, instaurada em 13 de agosto, corresponde ao compartilhamento de dados pessoais dos clientes entre os bancos, caso seja autorizada pelo indivíduo. "Ainda estamos estabilizando alguns sistemas e estamos fazendo algumas correções que são necessárias [...], mas eu diria que está avançando muito bem [a segunda fase do Open Banking], afirmou o diretor da Febraban.
Terceira fase
De acordo com Leandro Vilain, essa etapa prepara um ambiente chamado "iniciação de pagamento", no qual um cliente pode realizar um pagamento por meio de terceiros, desde que tenham efetuado solicitação junto ao Banco Central.
Leandro ressalta que, para realizar pagamentos pelo Open Banking, não é necessário baixar aplicativos, efetuar cadastros ou entrar em diferentes plataformas. O cliente também não receberá ligações de bancos, links e similares. Para ele, o processo será natural e intuitivo ao consumidor.
"Em um site ou em um comércio eletrônico, no momento do fechamento da compra, aos poucos esses sites vão começar a ofertar uma possibilidade dele [o cliente] fazer o pagamento daquela aquisição, daquela compra, utilizando-se do Open Banking. Nesse momento, ao clicar na opção de pagar através do Open Banking, ele automaticamente ele vai se autenticar no aplicativo do banco e autorizar o pagamento para aquele comércio eletrônico", explicou o executivo.
Segundo o diretor executivo, apesar de as empresas ainda não estarem totalmente preparadas para receber a demanda do Open Banking, ele estima que "até o final do ano os primeiros produtos, as primeiras ofertas começarão a ser percebidas pelos clientes". Contudo, ele relembra que no primeiro momento a evolução é lenta e gradual, devido às preocupações em estabilizar essa nova infraestrutura digital.
Segurança
Leandro também pontuou que o Open Banking é seguro e as medidas adotadas serão as mesmas já utilizadas nos aplicativos e sites de instituições financeiras atualmente, como a criptografia e autenticação de transações. Toda a utilização do serviço será realizada por meio das interconexões entre os aplicativos utilizados nos pagamentos.
"O sistema bancário brasileiro é de vanguarda, é de ponta na questão de tecnologia bancária, comparativamente com outros países do mundo, todas as operações são criptografadas, tem todas as questões dos tokens, biometria, temos um nível de segurança muito superior a outros países do mundo", pontuou o executivo.
Como funciona o compartilhamento?
Todo o processo de compartilhamento ocorrerá na instituição que receberá os dados. Ao entrar em uma dessas plataformas, em vez de o cliente informar todos os dados, desde endereço até o histórico de transações, o próprio site irá perguntar se o indivíduo quer autorizar o compartilhamento via Open Banking. Dessa forma, o consumidor será redirecionado ao aplicativo/site da instituição que a pessoa já faz parte e irá autenticar esse envio de dados a empresa original.
"Algumas pessoas já usam isso [autenticação], muitas vezes no aplicativo do seu celular, quando você precisa entrar no aplicativo: 'Escuta, você quer se autenticar utilizando as credenciais de um outro aplicativo?' E você diz sim, aquilo ali é muito tranquilo", explicou Leandro.
Ele também ressalta que o compartilhamento é um dos grandes benefícios do Open Banking. Antes, ao procurar as melhores taxas para um empréstimo ou investimento, por exemplo, o indivíduo teria que realizar o trabalho manualmente, entrando em uma instituição por vez. Com o novo serviço, por meio dos dados pessoais e dos interesses do cliente, a pessoa terá acesso, na própria plataforma do aplicativo, a todas essas informações. Vale lembrar que o serviço não se limita apenas a empréstimos e investimentos, outros produtos financeiros também fazem parte desse sistema.
Adesão ao Open Banking
"Não tenho dúvida que vai ser um sucesso", afirmou Leandro Vilain sobre o Open Banking no Brasil, mas relembra que é um projeto de longo prazo com evolução gradual e atualmente o país está nos estágios iniciais dessa nova implementação. "Ainda estamos em um processo de estabilização e pequenos ajustes, os bancos ainda não estão ofertando o Open Banking de uma forma ampla", disse o executivo.
O Open Banking já é realidade em outros países. O Reino Unido está no quinto ano de implantação do serviço. Outros modelos também são vistos nos Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul, Austrália e outras nações da União Europeia.
Veja a entrevista: