Endividamento das famílias bate recorde em setembro
Pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNI) também registra queda na inadimplência
O número de famílias brasileiras que têm dívidas contraídas subiu 1,1 ponto percentual entre agosto e setembro, atingindo 74%, índice recorde da série histórica, que começou em 2010. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada hoje (4.out), no Rio de Janeiro, pela Confederação Nacional do Comércio (CNC).
No acumulado do ano, em comparação com o mesmo perído do ano passado, o aumento ficou em 6,8 pontos percentuais. Na Peic entram todos os tipos de dívida: com cartão de crédito, cheque especial, cheque pré-datado, crédito consignado, empréstimos pessoais, prestações em geral e até carnês de lojas.
Com relação à inadimplência, a pesquisa apurou redução do percentual pelo segundo mês seguido, apesar da alta do endividamento, de 10,7% em agosto para 10,3 em setembro (-0,4 ponto percentual). Na comparação com setembro do ano passado, a redução foi de 1,3 ponto percentual.
Entre as famílias que recebem até 10 salários mínimos, o endividamento subiu de 74,2% para 75%, também recorde, entre agosto e setembro. Em setembro de 2020, 69% das famílias nessa faixa de renda se declararam endividadas. A inadimplência desse grupo diminuiu de 28,8% para 28,6%, ante 30% em setembro de 2020.
Para famílias com renda acima de 10 salários mínimos, o endividamento passou de 67,6% em agosto para 68,9% em setembro (em setembro do 2020, eram 59%), enquanto a inadimplência caiu de 11,8% para 11,7%, a menor desde fevereiro.
Com relação aos superendividados, a Peic apontou pequena elevação, de 14,3% em agosto para 14,4% em setembro.
Em média, segundo a pesquisa, o brasileiro comprometeu 30,2% da renda familiar com o pagamento de dívidas em setembro, sendo que 20,8% dos endividados declaram ter mais da metade da renda comprometida, uma queda em relação aos 21,1% de agosto.
Vilões
A maior parte das famílias, 84,6%, apontou o cartão de crédito como principal dívida da família. O percentual também é o maior da série histórica. Carnês de lojas são problema para 18,8% dos entrevistados, seguido pelo financiamento de carro (13,2%). O tempo médio de atraso para o pagamento de dívidas caiu de 61,9 dias, em agosto, para 61,6, em setembro. Os atrasos acima de 90 dias chegaram a 41,4%.
"A inflação corrente mais alta tem deteriorado os orçamentos domésticos e diminuído o poder de compra das famílias, em especial, as na faixa de menor renda. Alimentos, medicamentos, transportes e energia são os grupos de itens com maiores altas nos preços e aqueles de maior peso na cesta de consumo do brasileiro de renda média e baixa", informou a CNI por meio de nota.
A entidade avalia que a queda na inadimplência reflete "o esforço das famílias em manter os compromissos financeiros em dia, com renegociação e melhor controle dos gastos".