Alta da Selic prejudica crediário, mas estimula poupança, diz economista
Aumento da taxa básica de juros visa desestimular consumo
Bruna Yamaguti
O Banco Central decidiu aumentar a taxa básica de juros, a Selic, de 5,25% para 6,25% ao ano. A medida, anunciada na 4ª feira (22.set), acompanha aumento da inflação de alimentos, combustíveis e energia elétrica. Com o fim do ano próximo, o consumidor precisa estar atento para não se endividar com compras parceladas ou empréstimos. Por outro lado, quem conseguir poupar dinheiro será beneficiado com os juros mais altos.
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"A regra básica é que, até que a taxa básica de juros chegue a 8,5% ao ano, a poupança deve render 70% da Selic. Então, agora, a rentabilidade da poupança está aumentando em função dos aumentos da Selic", afirma o economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Segundo ele, isso acontece justamente para estimular as pessoas a, neste momento, abdicarem do consumo. "A recompensa de não comprar um carro ou apartamento agora é que o dinheiro investido será mais remunerado. É nesse contexto que o juro precisa ser entendido pela população e como isso afeta o dia a dia", acrescenta.
Em relação ao crédito, Braz explica que, agora, toda vez que alguém precisar pegar dinheiro emprestado, entrar no cheque especial ou parcelar a dívida do cartão de crédito, os juros incidentes serão maiores. O especialista recomenda deixar o financiamento para depois, por exemplo, uma vez que o risco de endividamento torna-se maior com as taxas mais altas.
"O objetivo é desestimular demanda, então sempre que a taxa de juros sobe, a pessoa interessada em financiar um carro ou apartamento deve adiar um pouco, porque o juros que ela vai pagar pelo empréstimo durante o financiamento são maiores", pontua.
Em janeiro, a taxa Selic era de 2% ao ano. Com a última elevação, atingiu 6,25% e a expectativa é de que até dezembro tenha mais um aumento. A Selic é a principal forma utilizada pelo Banco Central para controlar a inflação oficial medida pelo IPCA -- Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo. O indicador, que atualmente marca os 9,68%, apresentou em agosto o maior nível para o mês desde 2000.
A elevação dos juros visa combater a inflação, que também tem subido muito. Quando o Banco Central aumenta a Selic, ele desestimula o consumo, então a tendência é que as empresas não subam mais os preços para não paralisar as vendas.