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Economia

Brasil tem dever de casa ambiental a fazer para puxar investidor, diz Tarcísio

Em entrevista ao Poder em Foco, ministro da Infraestrutura defende que medidas adotadas garantirão sucesso dos leilões em 2021

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O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, na bancada do Poder em Foco. Foto: SBT
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O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, admitiu que o Governo brasileiro precisa melhorar a performance da gestão ambiental, com redução nos números de queimadas e desmatamentos, para atrair mais investidores estrangeiros. "Há um dever de casa para ser feito? Há. Por outro lado, nós temos que perceber, também, o quanto disso é guerra comercial", afirmou, em entrevista ao Poder em Foco, que vai ao ar neste domingo (22), no SBT

Gomes de Freitas observou que o investidor está numa postura mais cautelosa, em busca de contratos com estabilidade, mercados com potencial de crescimento e boas taxas de retorno. "Tudo isso nós temos para oferecer", ressaltou. Mas, ele relatou que há uma preocupação grande com imagem e sustentabilidade e garantiu que o governo está adotando as medidas necessárias para que os projetos de infraestrutura sejam referência e atinjam o mercado verde. 

"Os projetos nascem com essa preocupação. Têm balanço ambiental positivo e estão sendo estruturados de forma a responder essas angústias. Nós estamos muito atentos a isso, até porque os padrões ambientais vão ditar os fluxos financeiros e isso é inescapável. A estruturação é muito sofisticada e equilibrada na distribuição de riscos e a questão da sustentabilidade está sendo incorporada no desenvolvimento de projetos como nunca foi antes, com muito profissionalismo", avaliou. 

O ministro disse que tem conseguido atenuar a preocupação dos estrangeiros e que será possível constatar nas privatizações no ano que vem. "A gente vai ver isso no sucesso dos leilões que virão. O ano de 2021 vai ser com muitos leilões de infraestrutura e eu tenho certeza que serão todos bem sucedidos em função da forma como a gente está apresentando os projetos. Eu diria que, hoje, o Brasil tem uma das estruturações de projeto mais sofisticadas do mundo", apostou. 
 

Calendário de leilões do Ministério da Infraestrutura


Documento obtido com exclusividade pelo SBT News 


 

Competitividade 


Uma queixa recorrente de investidores nacionais e estrangeiros é de que a burocracia e a falta de infraestrutura atrapalham a competitividade no Brasil. O ministro Tarcísio Gomes de Freitas acredita que esse problema será superado em até uma década. 

"Eu acredito que em 8, 10 anos, a gente vai ter uma infraestrutura completamente diferente da que temos hoje. A transformação vai ser muito grande com o que está sendo plantado agora. Vamos correr o melhor que pudermos e vamos passar o bastão numa situação muito melhor do que a que nós recebemos", prometeu. Ele destacou que o Governo Bolsonaro tem uma secretaria especial dedicada à desburocratização e que também atua em frentes para ampliar os modos de transporte de cargas e reduzir o preço do frete. 
 

Obras inacabadas 


Para o ministro, outra medida que ajudará a reduzir o Custo Brasil é concluir obras que estavam paralisadas ou que se arrastam há muitos anos. "Se eu pulverizar muito eu abro várias frentes e não termino nada. O segredo do sucesso é o foco. Então nós vamos focar em obras que sejam relevantes do ponto de vista social, do ponto de vista econômico", ressalta. A expectativa dele é chegar ao fim deste ano com 85 obras concluídas e alcançar o mesmo número no ano que vem. 
 

Caminhoneiros 


Ao longo de toda a entrevista, o ministro defendeu a importância dos caminhoneiros e falou de medidas que o Governo quer implementar para ajudar a categoria. Uma delas é a implantação do documento de transporte eletrônico, que na primeira etapa terá dados do veículo e do motorista e, depois, a ideia é incluir a informação fiscal. 

"O caminhoneiro vai passar num pórtico que vai ter informações de origem, destino, carga e situação fiscal. Quer coisa mais atrasada do que parar na fronteira de um estado para outro, para carimbar uma nota, a essa altura do campeonato, em pleno século vinte e um?", reclamou.  Em média, os caminhoneiros perdem seis horas de tempo de viagem parados em postos fiscais estaduais, de acordo com dados do ministério. 

O ministro informou que a nova tecnologia já está sendo testada no Espírito Santo e que a ideia é expandir, aos poucos, para todas as unidades da federação. "Em alguns anos isso pode estar operacional no Brasil inteiro e à medida que a gente vai ganhando confiança na tecnologia isso vai suprimindo os postos fiscais, vai suprimindo as balanças e essa supressão vai começar agora, já no governo do presidente Bolsonaro", afirmou. 

Sobre as condições das rodovias brasileiras, Tarcísio Gomes de Freitas admitiu que há motivos para o usuário ficar chateado ao pagar pedágio e encontrar estradas em péssimas condições. Para ele, a solução é a relicitação ou mesmo a extinção do contrato. "A empresa devolve a concessão, nós reestruturamos o projeto e passamos para outra empresa", ressaltou. É o que está ocorrendo, por exemplo, com as BRs 040 (DF), 060 (GO) e 163 (MT), além dos aeroportos de Viracopos e São Gonçalo do Amarante.

Tarcísio Gomes de Freitas também explicou a proposta de criação da "BR do Mar", que amplia a cabotagem, transporte marítimo de carga pela costa brasileira. Ele negou que os caminhoneiros vão sofrer perdas e argumentou que o navio não para na porta da indústria ou da fazenda. "Não haverá perdas. Se 18 mil contêineres vão embarcar num navio, 18 mil contêineres vão chegar e sair do porto, na maioria das vezes, de caminhão. Então nós vamos aumentar os fluxos de curta distância que são justamente os fluxos em que o caminhoneiro ganha mais por quilômetro rodado, descansa, dorme em casa, fica mais perto da família, desgasta menos o equipamento e, portanto, tem maior receita", defendeu. 

O projeto da BR do Mar é de autoria do governo Bolsonaro e aguarda votação no plenário da Câmara dos Deputados. A matéria tramita em regime de urgência e, como não tem acordo, está trancando a pauta. "Eu acho que é um pouco de desconhecimento do que está no projeto e, obviamente, alguém, às vezes, tenta usar a categoria (caminhoneiros) porque é contra o projeto". 

O ministro sinalizou que o Governo está aberto à negociação do texto com sua base no Congresso. "Nós podíamos ter lançado uma Medida Provisória. Não lançamos para que houvesse a possibilidade de aperfeiçoamento. Aliás, sempre há, inclusive nas MPs. Só que quando vem a Medida Provisória a eficácia é imediata", ponderou. 
 

Perfil 


Tarcísio Gomes de Freitas, 45 anos, foi diretor-executivo e diretor geral do DNIT, no governo Dilma Rousseff, e secretário de coordenação do Programa de Parcerias de Investimentos, no Governo Michel Temer. Ele é militar da reserva, engenheiro civil com MBA em gerenciamento de projetos pela Fundação Getúlio Vargas. 

A entrevista completa foi ao ar neste domingo (22), logo após o Programa Silvio Santos, no SBT. Além da apresentadora, Roseann Kennedy, participa da conversa o jornalista Dimmi Amora, sócio-fundador da "Agência Infra", multiplataforma de comunicação focada no setor da infraestrutura.
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