Compartilhar conteúdo falso ou enganoso pode virar caso de polícia
A desinformação causada por boatos espalhados na internet coloca em risco a vida de muitos cidadãos
Com a intensificação no fluxo de informações e com o avanço tecnológico nas últimas duas décadas, ficou mais fácil encontrar notícias enganosas ou de procedência desconhecida, principalmente no meio digital. Notícias falsas não são novidade no dia-a-dia da sociedade, mas com a crescente importância das redes sociais na vida dos cidadãos, a divulgação dessas desinformações se tornou mais constante e mais popularizada.
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Quanto mais fácil a disseminação, mais problemas e desafios surgem. E assim também aumentam os perigos causados pela desinformação e as fake news.
Basta pesquisar na internet por vítimas de fake news que aparecem diversas páginas mostrando pessoas comuns e até mesmo pessoas públicas, como celebridades e políticos, sendo prejudicadas diretamente por conta de um boato.
A divulgação de notícias falsas pode acarretar prejuízos morais e financeiros para pessoas e empresas, pode estimular preconceitos, agravamento de surtos de doenças e manipular comportamentos da população.
Muitas vítimas sofrem violências, têm a liberdade cerceada e chegam a morrer após a divulgação da mentira, virando caso de polícia.
Um dos episódios emblemáticos foi o da dona de casa Fabiane Maria de Jesus, espancada até a morte por moradores em Guarujá, no litoral de São Paulo, em 2014, ao ser confundida com uma suposta sequestradora de crianças para rituais de magia negra.
Anos depois do ocorrido, a família de Fabiane continua lutando por indenização por danos morais contra o Facebook. A notícia falsa sobre a dona de casa foi publicada e compartilhada na rede social.
Em junho deste ano, um homem foi morto após ser alvo de desinformação no Whatsapp. Daniel Picazo, 31 anos, advogado e ex-assessor da Câmara dos Deputados do México foi encurralado por uma multidão de 200 pessoas, em Huauchinango, Puebla, depois foi espancado, teve gasolina jogada em seu corpo e foi queimado vivo.
Ele foi acusado de ser "ladrão de crianças", a informação falsa foi espalhada em grupos de Whatsapp.
A polícia foi acionada, mas a multidão tinha bloqueado o acesso ao local da violência, onde Daniel já estava morto.
Ele não fez nada. É inocente. Quero que as autoridades se apliquem e façam seu trabalho. Ele é inocente de tudo que passou. Ele nunca teve que estar naquele lugar. Não sei quem pegou, quem colocou. Não tenho respostas para todas essas perguntas que me faço", disse Angélica González, mãe de Daniel ao portal Noticieros Televisa.
Também sofrem as pessoas que acreditam em desinformações como teorias conspiratórias negacionistas ou então das curas milagrosas sem embasamento médico, como aconteceu durante a pandemia da covid-19.
As fake news sobre medicamentos milagrosos podem ter causado milhares de mortes ao redor do planeta.
Essa situação faz parte da "infodemia", conceito usado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em que há um cenário em que quando há excesso de informações, algumas corretas e outras não, torna-se difícil encontrar fontes idôneas e confiáveis quando mais se precisa.
Apesar de ser um problema coletivo, a solução para barrar a disseminação das desinformações é um exercício essencialmente individual. Todos devem se transformar em obstáculos, barreiras para que o conteúdo enganoso ou que não tenha confirmação de veracidade chegue a outras pessoas.
Como identificar e escapar de notícias falsas?
Primeiramente, é necessário sempre checar a fonte e se a notícia é verdadeira antes de compartilhar. Se há dúvidas sobre a procedência da informação, não compartilhe.
Confira sempre a data da publicação e se a fonte é um canal com credibilidade. Veja outras dicas de como combater as fake news aqui no SBT News De Fato.
>> Bárbara Schneider é jornalista do SBT Rio e SBT News
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