Publicidade

Dino defende atuação do Supremo e nega "ditadura judicial" em discurso no Senado

Segundo senador pelo Maranhão, que vai tomar posse como ministro do STF, "é falsa a perspectiva de querer imputar vícios e defeitos ao Supremo"

Dino defende atuação do Supremo e nega "ditadura judicial" em discurso no Senado
Flávio Dino discursando no plenário do Senado em 7 de fevereiro de 2024 (Jefferson Rudy/Agência Senado)
Publicidade

Discursando no plenário do Senado, nesta quarta-feira (7), o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, que tomará posse como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) em 22 de fevereiro, defendeu a atuação da Corte e rebateu teses de oposicionistas ao governo, como de que há uma "ditadura judicial" no Brasil.

+ Senado inaugura obra de arte criada a partir de destroços da invasão ao Congresso em 8 de janeiro de 2023

Dino é senador pelo Maranhão e está aproveitando os últimos dias antes de tomar posse no Supremo para trabalhar no Senado.

"É falsa a perspectiva de querer imputar vícios e defeitos ao Supremo Tribunal Federal brasileiro, que está conformado e em funcionamento de acordo com as normas votadas pelos deputados e pelos senadores", declarou no discurso hoje. "Vejo, às vezes, estranhamento com o fato de o Supremo Tribunal Federal julgar parlamentares", prosseguiu.

De acordo com Dino, porém, foi o próprio Congresso que permitiu que o STF processasse e julgasse parlamentares sem a necessidade de autorização da Casa respectiva. "Então, como a estas alturas da vida, nós, diante dessas situações, queiramos responsabilizar o Supremo por decisões políticas, adotadas por décadas pelo Senado e pela Câmara? O que fazer? É claro que nós temos um cenário difícil, que não é inédito".

+ Ato no Congresso pressiona governo a manter benefícios ao setor de eventos

No mês passado, com críticas a operações da Polícia Federal (PF) contra parlamentares, senadores de oposição pediram que o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), avance o projeto contra o fim do foro privilegiado, o que, na prática, reduz o número de processos sob comando do Supremo. Se o projeto estivesse em vigor, decisões recentes como as autorizações para operações de busca e apreensão contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) ficariam fora da alçada do ministro Alexandre de Moraes, que autorizou as ações.

"Ditadura judicial"

Para Dino, é preciso afastar "certos termos" do debate. "Eu ouvi, muitas vezes, aqui na minha sabatina do dia 13 de dezembro, a expressão 'ditadura judicial'. Onde está essa ditadura judicial que ninguém vê? É por que decisões tais ou quais são proferidas? Todas recorríveis. O Congresso está funcionando plenamente, com todas as suas prerrogativas constantes da Constituição. Assim como o Executivo governa. Assim como os governadores, os prefeitos", acrescentou. Oposicionistas, como o senador Magno Malta (PL-ES), disseram haver uma ditadura judicial no Brasil, durante a sabatina de Dino.

Para o ex-ministro da Justiça, porém, isso não existe no país. "Essa é uma expressão não só equivocada, não só destituída de ponderação. Ela é uma expressão que atrapalha o bom debate acerca desse inevitável acerto ou dessa inevitável concertação entre os Poderes do Estado. Do mesmo modo é injusto e perigoso ataques de natureza pessoal."

+ Janja e ministros de Lula usam boné do CPX em evento no Alemão; relembre a polêmica

Isto, segundo ele, "está se vulgarizando no Brasil". "Eu vejo, por exemplo, ataques pessoais a várias ministros, mas com mais frequência, ultimamente, ao ministro Alexandre de Morais. E pergunto: as decisões do ministro Alexandre são irrecorríveis? Não. Qual a decisão do ministro Alexandre de Moraes que foi revista pelo plenário do Supremo? Nenhuma. Então por que fazer ataque pessoal a um ministro se as decisões estão respaldadas pelo colegiado?", questionou.

Ele também criticou declarações de oposicionistas de que inquéritos sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes, como o das fake news, não terminam. "Ouvi aqui dessa tribuna a ideia de que os inquéritos não acabam. Senhoras, senhores, os inquéritos e os processos relativos à invasão do Captólio nos Estados Unidos tampouco acabaram. E será que os EUA se converteram agora aos olhos de alguns em modelo de ditadura?", falou Dino.

Ainda de acordo com ele, um juiz relator não pode pôr fim a um inquérito "porque quer, porque está demorando". "Quem pode pedir o arquivamento do inquérito é apenas e exclusivamente o Ministério Público".

Zonas de ilegitimidade

Dino afirmou que o Congresso Nacional pode debater "o que quiser" e não pode haver "fechamento de canais e de diálogo em face disso". Também em suas palavras, "se é legítimo o debate, por outro lado nós temos que compreender zonas de ilegitimidade". "Zonas que não contribuem para o principal, que é servir bem a nossa pátria. Por exemplo, a busca de estigmatizações pessoais, as fulanizações do debate. Agressões que desbordam do razoável".

O senador ressaltou ser próprio ao conceito de harmonia a ponderação. "Só é possível haver harmonia com ponderação entre os Poderes. E isso não é uma exigência apenas ética, não é uma exigência apenas de boa educação. É uma exigência de direito positivo, é uma exigência normativa, e eu particularmente procuro me manter fiel a esse preceito. Nós precisamos compreender que cada Poder tem as suas funções típicas, entre as quais está a de controlar os outros Poderes".

Publicidade
Publicidade

Assuntos relacionados

Política

Últimas notícias

Indiciado por tentativa de golpe, Bolsonaro ataca Moraes: "Faz pesca probatória"

Indiciado por tentativa de golpe, Bolsonaro ataca Moraes: "Faz pesca probatória"

Ex-presidente foi indiciado pela Polícia Federal como principal beneficiado por plano golpista supostamente organizado por militares em 2022
 Indicado de Trump para ser procurador-geral desiste do cargo

Indicado de Trump para ser procurador-geral desiste do cargo

Alvo de investigações passadas do departamento que comandaria, Matt Gaetz alegou que não quer ser um obstáculo para o trabalho do governo de transição
Poder Expresso: Entenda o indiciamento de Bolsonaro pela PF por suposto plano para matar Lula e Moraes

Poder Expresso: Entenda o indiciamento de Bolsonaro pela PF por suposto plano para matar Lula e Moraes

O programa também trata do novo cronograma da lista de aprovados do do Concurso Público Nacional Unificado (CPNU) após adiamento
STF reconhece grampo ilegal na cela de Alberto Youssef durante a Operação Lava Jato

STF reconhece grampo ilegal na cela de Alberto Youssef durante a Operação Lava Jato

Ministro Dias Toffoli retirou o sigilo das gravações em ação que apura a responsabilidade do ex-juiz Sérgio Moro nos grampos
Presidente da China presenteia Lula com pedaço da Lua

Presidente da China presenteia Lula com pedaço da Lua

Petista e Xi Jinping trocaram presentes durante visita do líder chinês a Brasília; Janja também foi presenteada
Lula ganha apoio do MDB em pacote de corte de gastos, diz Renan Filho

Lula ganha apoio do MDB em pacote de corte de gastos, diz Renan Filho

Ministro dos Transportes anunciou apoio integral de seu partido à agenda de reajuste fiscal em evento no Palácio do Planalto
Alimentos ultraprocessados estão relacionados a 156 mortes por dia no Brasil, mostra Fiocruz

Alimentos ultraprocessados estão relacionados a 156 mortes por dia no Brasil, mostra Fiocruz

Consumo de "imitação de comida" custa, ao menos, R$ 10,4 bilhões por ano para o país; veja o que são e como substituir os ultraprocessados
Gilmar Mendes diz que "qualquer tentativa de golpe contra o Estado é um crime consumado"

Gilmar Mendes diz que "qualquer tentativa de golpe contra o Estado é um crime consumado"

Ministro do STF classificou plano golpista que previa assassinar Lula, Alckmin e Moraes como "extremamente grave e preocupante"
AO VIVO: vulcão entra em erupção na Islândia pela sétima vez desde dezembro

AO VIVO: vulcão entra em erupção na Islândia pela sétima vez desde dezembro

Erupção na Península de Reykjanes começou na noite de quarta-feira (20) e criou uma fissura de cerca de 3 km de comprimento
PF indicia Jair Bolsonaro, Braga Netto, presidente do PL e mais 34 por planos golpistas que incluíam assassinatos

PF indicia Jair Bolsonaro, Braga Netto, presidente do PL e mais 34 por planos golpistas que incluíam assassinatos

Relatório entregue nesta quinta (21) ao STF tem militares 'kids pretos', ex-ministros e ex-Abin; minuta do golpe e atentado a Lula e Alckmin foram usados
Publicidade
Publicidade