CPMI marca depoimento de suposto financiador do 8/1 e PM do DF
Argino Bedin, produtor de soja do MT será ouvido na 3ª feira (3.out) e Beroaldo Jr., do Batalhão de Choque, na 5ª feira (5.set)
Ricardo Brandt
A CPMI do 8 de Janeiro definiu os dois próximos convocados para depor: Argino Bedin, empresário do Mato Grosso do agronegócio suspeito de ser financiador dos bolsonaristas; e o subtenente Beroaldo José de Freitas Júnior, do o Batalhão de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal.
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Bedin vai depor na 3ª feira (3.out). O pedido de convocação é da relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), senadora Eliziane Gama (PSD-MA) e do deputado Carlos Veras (PT-PE).
Um dos reis da soja no Mato Grosso, Bedin é investigado como um dos financiadores dos atos golpistas do 8/1.
Segundo um dos requerimentos, "Bedin é um latifundiário sócio de pelo menos nove empresas e teve as contas bloqueadas por decisão do ministro Alexandre de Moraes."
Beroaldo Freitas Junior será interrogado na sessão da 5ª feira (5.out). Ele foi convocado pelo deputado Delegado Ramagem (PL-RJ). Segundo o parlamentar, o PM foi um dos que tentou impedir as depredações das sedes dos Três Poderes.
A oposição bolsonarista tenta levantar provas para mostrar que autoridades do atual governo tinham "informes/informações enviados pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin)" que alertavam sobre os riscos no dia 8 de janeiro, podendo ter agido preventivamente.
Sem acordo
A sessão da CPMI desta 5ª feira (28.set) foi cancelada. Alan Diego dos Santos Rodrigues, condenado a cinco anos e quatro meses de prisão por envolvimento na tentativa de atentado a bomba nos arredores do Aeroporto de Brasília, em 24 de dezembro do ano passado, estava convocado, mas sem acordo entre a base de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - que é maioria - e a base de oposição bolsonarista para definição de quais as últimas convocações deveriam ser levadas à votação, ela foi cancelada.
A relatora da CPMI e a base governista queria a convocação dos ex-comandantes das Forças Armadas do governo Jair Bolsonaro (PL), após divulgação de parte da delação premiada do tenente-coronel Mauro Barbosa Cid. Nela, o ex-chefe da Marinha almirante Almir Garnier Santos foi apontada como um dos militares que teria apoiado uma intervenção militar, após a derrota para Lula. O ex-mininistro general Braga Neto também tem convocação aprovada e deveria ser ouvido na próxima semana. Não há nova data para a oitiva.
A tese defendida pela base governista é de que seis incidentes anteriores ao 8/1 foram parte de um plano único.
Veja quais atos a CPMI governista aponta como conexos:
- 30.out.22 - As ações da PRF de blitze em ônibus no segundo turno das eleições;
- 30.out.22 - Os bloqueios de rodovias em todo país, depois da derrota nas urnas para Lula;
- 01.nov22 - Formação e manutenção dos acampamentos na frente dos quartéis do Exército;
- 08.dez.22 - A tentativa de invasão ao hotel em que Lula estava hospedado em Brasília, no dia da diplomação presidencial;
- 12.dez.22 - A tentativa de invasão à sede da PF e atos de vandalismo e depredação, em Brasília, após prisão do índio Tsererê Xavante;
- 24.dez.22 - A tentativa de atentado a bomba em um caminhão-tanque, nos arredores do aeroporto de Brasília;
- 08.jan.23 - As invasões e depredações do 8 de Janeiro, no Planalto, Congresso e STF.
Os parlamentares da oposição queriam a convocação de dois ex-comandantes da Força Nacional de Segurança, para apontar a falta de uso dos agentes pelo atual governo.
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