Gabinete de Dallagnol segue de portas fechadas na Câmara
Parlamentar teve mandato cassado pelo TSE e chegou à sala no início da tarde, sem falar com a imprensa
De portas fechadas, que não permitiram nem a entrada da tradicional limpeza matinal no horário previsto, o gabinete do deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) recebeu, no início desta 4ª feira (17.mai), apenas os funcionários que trabalham na sala 739 da Câmara dos Deputados - e que se recusam a falar com jornalistas. Com as chegadas que iniciaram na primeira parte da manhã, nenhum deles saiu da sala até o meio-dia. A primeira assessora que deixou o local antecedeu em minutos a vinda do próprio deputado, que entrou no gabinete às 13h03. Mas Deltan se limitou a dizer que ainda não vai se manifestar. Declarações públicas devem ser feitas apenas às 16h, em um comunicado oficial no Congresso.
Se no dia em que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu pela cassação do mandato do parlamentar, na 3ª, o clima era de tristeza e indignação, a 4ª feira se mostrou diferente. Do lado de fora da sala foi possível ouvir gargalhadas e uma conversa animada entre o deputado e a sua equipe de trabalho - composta por 12 funcionários. Nos corredores do sétimo andar, onde está localizado o gabinete, as ações foram de solidariedade. Tapas nas costas da equipe e apoio para o recurso contra a decisão da corte eleitoral foram proferidos. Nas salas próximas, funcionários lamentam a determinação - com exceção de um, que comentou à reportagem de forma discreta: "Quem com ferro fere, com ferro será ferido". Dallagnol deixará o cargo pelo entendimento sobre a Lei da Ficha Limpa, contra práticas de corrupção, e que foi usada por ele enquanto procurador de Justiça no Paraná.
No estado, onde conseguiu mais de 340 mil votos, e desfruta de popularidade pelos anos em que atuou na operação Lava Jato, apoiadores vieram ao gabinete falar com o deputado antes que ele chegasse. O grupo, formado por três pessoas que vieram de carro da cidade de Cascavel, a 1.600 km de Brasília, também não foi atendido. Pela porta, disseram estar ao lado do político - e receberam o agradecimento por parte de uma funcionária de dentro da sala. "Fale ao Deltan que estamos ao lado dele", disse um deles, que não quis se identificar e optou por não falar com a imprensa.
A repercussão em torno de Dallagnol vem por uma decisão unânime do TSE, que invalidou o registro de candidatura do deputado por considerar que ele ainda tinha pontos a tratar como procurador do ministério público. A promessa do partido é de entrar com recurso em ações que "ainda podem ser tomadas pela defesa de Dallagnol". O processo, no entanto, deve correr com o político fora do cargo. Cabe ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) dar sequência à determinação - ainda não há confirmação se Lira foi formalmente notificado pela corte eleitoral.
O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná ainda não crava o nome para substituir Dallagnol. E aguarda o encaminhamento por parte da Secretaria Judiciária do estado. O suplente pelo Podemos é o ex-deputado Luiz Carlos Hauly, que obteve 11.925 votos. O partido ainda não comentou a respeito. Ao lado da presidente do Podemos, Renata Abreu, do advogado, Leandro Rosa, e outros parlamentares, Dallagnol falará oficialmente sobre o caso no Salão Verde da Câmara dos Deputados.