Petistas criticam manutenção da taxa de juros em 13,75%
Pelo Twitter, presidente do Partido dos Trabalhadores disse que patamar só beneficia rentismo
Guilherme Resck
Petistas criticaram a decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) de manter a taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% ao ano, em vez de reduzi-la. Pelo Twitter, a presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), disse que o patamar é benéfico apenas para rentismo e quem não produz.
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"[O presidente do BC] Roberto Campos, explica: como empresários podem captar recursos com os maiores juros do mundo? Como investir se o dinheiro aplicado rende 8% reais? Você não entendeu seu compromisso com o Brasil? Seus juros só beneficiam rentismo e quem não produz. Sua política monetária já foi derrotada", escreveu Gleisi.
Ao SBT News, o deputado federal Washington Quaquá (RJ), vice-presidente nacional do PT, afirmou que o país não pode crescer com a Selic em 13,75%: "Nos Estados Unidos, a inflação está em torno de 7% e a taxa de juros não chega a 2. Esses liberais brasileiros são mais realistas que o rei. O Brasil não pode crescer com taxas de juros a 13, 14%. Esse Banco Central opera só para os interesses do mercado financeiro, dos rentistas. Não opera para os interesses do país".
Ainda segundo Quaquá, Roberto Campos Neto "precisa se tocar que ele é um cara de Estado, do Brasil, que ele está lá para servir um país e não servir meia dúzia de investidores do mercado financeiro. É um absurdo a manutenção da taxa de juros. É incompatível com qualquer padrão civilizado do mundo. Você vai em qualquer país do mundo. Pega a meca deles, eles gostam muito de ir para Nova York, mas não aprendem com os americanos".
À reportagem também, o ministro do Desenvolvimento Agrário, deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), disse achar péssima para a economia brasileira a decisão do Copom de manter a Selic em 13,75%. "Péssimo porque é mais alta taxa de juros do mundo. E isso prejudica muito a retomada econômica. Essa taxa de juros tem baixíssima legitimidade e é um remédio errado para a economia brasileira, para o combate à inflação", complementou.
O deputado federal Bohn Gass (PT-RS), vice-líder do governo no Congresso, por sua vez, afirmou que o Copom não quer "que o Brasil cresça". "Se o Brasil quiser crescer e se reindustrializar, ele não pode conviver com essa taxa". Para o deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP) também, a Selic "precisa cair".
"Porque a diferença desses juros tão altos do Brasil para o segundo colocado é brutal. Então não faz sentido, porque qual que é de fato a justificativa ou o que se busca com esses juros tão altos? Nós não temos inflação de demanda. Nós temos o dólar há bastante tempo sobrevalorizado, mas agora ele está relativamente estabilizado. Então eu acho que a gente acaba ficando refém de uma dívida que ela só aumenta. Portanto, eu acho que o Banco Central está errado", acrescentou.
Questionado sobre como avalia a manutenção da Selic em 13,75%, o senador Fabiano Contarato (PT-ES), líder do Partido dos Trabalhadores na Casa, afirmou que "o Banco Central segue um caminho muito perigoso, ao não considerar as consequências graves que sua política monetária regressiva tem trazido ao país".
"Falha também ao não considerar os sinais vindos do sistema bancário dos EUA. A nenhuma instituição, a pretexto de decisão supostamente 'técnica', é dado sabotar os interesses legítimos do país. Aliás, mesmo decisões técnicas estão sujeitas a críticas e pontos de vistas divergentes, e é assim que o debate democrático é construído", pontuou. Nas palavras do senador ainda, "um governo democraticamente eleito pode questionar a efetividade de medidas tomadas por meia dúzia de tecnocratas especialmente considerando que estes, por suas falhas, não serão chamados a qualquer responsabilização perante a sociedade, no sagrado tribunal das urnas!".
**Reportagem atualizada às 14h de 23/03/2023
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