Bolsonaristas sinalizam vida difícil a Pacheco e governo promete diálogo
Disputa pela Presidência do Senado deve ser apenas a primeira entre oposição e governistas na Casa
Os nomes favoritos para as presidências da Câmara e do Senado se confirmaram. Arthur Lira (PP-AL) venceu com resultado recorde: 464, dos 513 deputados, o apoiaram. Com o placar bem menos tranquilo, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) conquistou 49 dos 81 votos possíveis. Ambos começam o novo ano legislativo como terminaram o último - presidentes -, mas a vida de um deve ser bem diferente da do outro nos próximos dois anos.
As duas vitórias tiveram um ponto em comum: o apoio massivo da base governista. No Senado, os bolsonaristas perderam a disputa, mas, na outra casa, eles se "misturaram" com os petistas para garantir a reeleição.
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Após a sessão no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), candidato do ex-presidente Jair Bolsonaro, mostrou-se frustrado com o resultado e prometeu oposição a Pacheco. "Vou continuar em defesa do legado deixado pelo governo Bolsonaro e, não só ele, mas também por Michel Temer", pontuou.
O parlamentar ainda fez referência, sem dar detalhes, a supostas ameaças feitas pelo presidente da República e por ministros do governo para dizer que o governo interferiu no Legislativo, desrespeitando a independência do Legislativo. "Estamos preocupados", frisou Marinho.
Resistências
O senador Eduardo Girão (Podemos-CE) chegou a entrar na disputa, mas abriu mão do cargo no último momento para apoiar Marinho. Agora, disse desejar mais diálogo da parte do vencedor. "A gente espera que este segundo mandato seja melhor do que o primeiro", criticou.
Mais cedo, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) também deixou claro que o presidente reeleito vai ter dificuldades. "Só espero que ele respeite a proporcionalidade dos partidos, senão ele não vai conseguir aprovar muita coisa dentro do plenário."
"Eu vou ter que mostrar a eles que podemos ter uma convivência harmônica", disse Pacheco, após a eleição.
Já o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que pretende abrir o diálogo com o candidato derrotado. O petista ressaltou que espera contar com o apoio de Marinho para aprovar projetos importantes, como a reforma tributária. "É um senador eleito do Rio Grande do Norte que vai ter todo o respeito institucional", destacou.
Segundo Padilha, a eleição espelhou as estimativas feitas pelo governo e negou que o Palácio do Planalto tenha feito acordos em troca de apoio. O ministro pontuou que os congressistas optaram por terminar com o tempo em que o adversário era considerado "inimigo" e que a ordem era "fuzilar" a oposição. "A era de um governo que desrespeita o Congresso acabou", ressaltou.
Mas...
O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e o senador Renan Calheiros (MDB-AL) celebraram a vitória de Pacheco. O alagoano afirmou que a votação foi uma demonstração de defesa da democracia e teceu elogios ao senador, mas aproveitou para alfinetar o presidente da Câmara.
"Em todos os momentos de dúvida, de crise, de instabilidade, ele [Pacheco] teve uma posição muito assertiva em defesa da democracia. Diferentemente do que aconteceu na Câmara", disse Calheiros.
O emedebista disse que o resultado expressivo da votação de Lira precisa contribuir para torná-lo um presidente "completamente diferente". No entanto, o deputado já disse que vai acontecer justamente o contrário: "Vou ser o mesmo presidente da Câmara. Se fosse para ser diferente, não seria eleito", pontuou Lira.
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