Com apoio de Lula, Pacheco e Lira mantêm presidências no Congresso Nacional
Base governista conseguiu derrotar bolsonaristas no Senado e permitiu reeleição contundente na Câmara
O governo Lula foi o grande vitorioso do primeiro dia da nova legislatura. Afinal, a base aliada conseguiu se mobilizar para derrotar os bolsonaristas na eleição para a Presidência do Senado e somou esforços para garantir a reeleição tranquila de Arthur Lira (PP-AL) na Câmara dos Deputados.
Na primeira disputa do dia, e a mais acirrada, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) foi reeleito presidente do Senado Federal. Com o apoio do bloco governista, ele derrotou, por 49 a 32 votos, o senador Rogério Marinho (PL-RN), que era apoiado pelo grupo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ).
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A eleição foi considerada um "3º turno" entre Lula e Bolsonaro. Pacheco era considerado franco favorito desde o fim do ano passado, mas viu a candidatura do adversário crescer nos últimos dias. Marinho foi lançado pelo bloco PP-PL-Republicanos e começou a ganhar a adesão, inclusive de parlamentares do partido do oponente, mas não foi o suficiente.
Cochilo e pacificação
O governo sentiu o que foi considerado um "cochilo" da base, mesmo com atraso, correu atrás e conseguiu frear os avanços da oposição. De acordo com um ministro do Palácio do Planalto, na noite de 3ª (31.fev), Lula trabalhou até tarde para ajudar na reeleição de Pacheco. O presidente não ligou diretamente para os senadores, mas acompanhou a investida dos seus ministros para virar votos.
Na avaliação do Planalto, o resultado não tão folgado foi fruto de insatisfações internas no PSD, União Brasil e MDB. Logo após o resultado, aliviado, Lula ligou para Pacheco a fim de parabenizá-lo.
Por outro lado, a derrota de Marinho representou o fracasso de uma tentativa de mobilização de Bolsonaro. Mesmo à distância, dos Estados Unidos, o exs-presidente pediu votos para o aliado de primeira hora. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro chegou a ir ao Senado a fim de fazer campanha.
Em dicurso após a eleição, Pacheco afirmou que o Brasil precisa de "pacificação".
"Acontecimentos como os ocorridos aqui neste Congresso Nacional e na Praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023, não podem, e não vão, se repetir. Os brasileiros precisam voltar a divergir civilizadamente, precisam reconhecer com absoluta sobriedade quando derrotados e precisam respeitar a autoridade das instituições públicas. Só há ordem se assim o fizerem. Só há patriotismo se assim o fizerem. Só há humanidade se assim o fizerem".
Votação recorde
Enquanto via o "vizinho" contar votos, Arthur Lira passou tranquilo pelo processo eleitoral, do qual saiu ainda mais forte. Ele alcançou uma votação recorde para a Presidência da Casa, com 464 votos já no 1º turno. Ele enfrentou dois oponentes: Chico Alencar (PSol-RJ) e Marcel Van Hattem (Novo-RS), que receberam 21 e 19 votos, respectivamente.
O apoio a Lira veio por meio de um "superbloco", que reuniu um expressivo número de partidos da Câmara. Das 23 siglas representadas, 20 se juntaram em favor do deputado. Entre elas, o PL e o PT. Ficaram de fora apenas a Federação PSol-Rede, que apoiou Alencar, e o partido Novo, de Van Hattem.
A vitória de Lira dá ao deputado o segundo mandato consecutivo como presidente da Câmara, e mostra uma evolução das articulações adotadas pelo parlamentar. Em 2018, Lira venceu com 302 votos e enfrentou sete oponentes.
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