Coordenador da Univaja denuncia insegurança no Vale do Javari
Beto Marubo acusou a administração da Polícia Federal e da Funai pelas mortes de Bruno e Dom
Camila Stucaluc
A situação no Vale do Javari, no Amazonas, permanece de "extrema insegurança" e de ameaças mesmo após a morte do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips. A denúncia foi feita por Beto Marubo, um dos coordenadores da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), durante audiência na Câmara dos Deputados.
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Segundo Marubo, a desmobilização das forças de segurança federais e estaduais reacendeu as ameaças a indígenas e funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai) na região. "No período das buscas (por Bruno e Dom) e por pressão nacional e internacional, eu vi um grande contingente. Agora, foi todo mundo embora", disse.
Diante de representantes da Polícia Federal e da Funai, Beto Marubo acusou ambas as instituições pelas mortes de Bruno e Dom. Os recentes assassinatos, conforme já relatado pela Univaja, têm ligação com a morte de Maxciel dos Santos, que, assim como Bruno, era indigenista com serviços prestados à Funai na proteção dos indígenas do Vale do Javari.
"Eu queria dizer para a Funai: a omissão e a negação de vocês ajudaram a matar o meu amigo. Ao delegado da Polícia Federal, quero dizer que a ausência do Estado brasileiro no Vale do Javari matou Maxciel, em 2019, e o Bruno".
A declaração de Beto acontece em meio às últimas operações da investigação envolvendo a morte do indigenista e do jornalista inglês. Na última semana, a Polícia Federal prendeu Rubens Villar Coelho, conhecido como Colômbia, o suposto mandante do crime. O homem também é acusado de fornecer drogas vindas do Peru para traficantes brasileiros.
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Desaparecidos por mais de 10 dias, Bruno e Dom foram abordados por moradores enquanto faziam uma viagem pelo Vale do Javari. De acordo com a polícia, ambos foram mortos a tiros após registraram a prática de atividades ilegais e tiveram os corpos esquartejados e queimados.