Presidenciáveis criticam Eduardo Bolsonaro por ironizar tortura
Ao divulgar coluna publicada por Míriam Leitão, parlamentar escreveu: "Ainda com pena da cobra"
Pré-candidatos à Presidência criticaram uma declaração do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que ironizou a tortura sofrida pela jornalista Míriam Leitão na ditadura militar. Por redes sociais, três dos prinicpais nomes ao Executivo se colocaram contra o parlamentar. Foram eles: Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB). O ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro (União), que há até pouco tempo estava na disputa, também criticou o filho do presidente Jair Bolsonaro (PL).
O ex-presidente Lula, principal adversário de Bolsonaro ao próximo pleito, desejou solidariedade à jornalista e disse que ela foi vítima de ataques dos que defendem "torturas e os assassinatos praticados pela ditadura". O petista também disse que comemorar o sofrimento alheio é "perder de vez a humanidade". Já Ciro Gomes comparou o deputado a um torturador e chamou o parlamentar de "verme". "Difícil saber quem é pior", disse. Simone Tebet, por sua vez, elogiou Míriam Leitão, afirmando se tratar de um exemplo de mulher. A pré-candidata também disse que piadas com tortura é característica de quem não tem "um mínimo de humanidade.
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No domingo (3.abr), ao divulgar print da coluna publicada por Míriam com o título "Única via possível é a democracia", Eduardo Bolsonaro escreveu: "Ainda com pena da cobra". Em uma das sessões de tortura sofria pela jornalista na ditadura, ela foi deixada por horas nua, no escuro, em uma sala com uma jiboia. Na época, estava grávida de um mês. No mesmo período, o regime militar obrigou Míriam a ficar nua em frente a dez soldados e três agentes de repressão. Militares a prenderam e torturaram com tapas, chutes e golpes que feriram sua cabeça também.
Pedido de cassação de Eduardo
O Partido Socialismo e Liberdade (Psol) e a Rede Sustentabilidade protocolaram nesta 2ª feira (4.abr), no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, um pedido de cassação do mandato do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). De acordo com o pedido de cassação contra Eduardo Bolsonaro, com a declaração, o deputado "deixa mais uma vez evidenciado o seu caráter misógino e machista". "A violência política é calcada no menosprezo, discriminação e inferiorização do feminino, e objetiva impedir e anular o exercício dos direitos políticos ou profissional das mulheres, comprometendo a participação igualitária em diversas instâncias da sociedade", completa.
O documento diz ser "imperativa e urgente" a cassação do mandato do parlamentar. "Não há nenhuma condição moral e política dele permanecer à frente de qualquer cargo público. Diante desses fatos, é dever fundamental dos poderes constituídos, inclusive o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, a tomada das providências cabíveis para punir o Representado pelos referidos atentados contra à dignidade da jornalista Míriam Leitão, e à dignidade de todas as mulheres, por ele perpetrados, pelas razões de direito".
Nas palavras do presidente do Psol, Juliano Medeiros, "não é possível ficar inerte diante desta grave agressão de Eduardo Bolsonaro à Mírian Leitão". "Apologia à tortura é crime. Os episódios de quebra de decoro pela família Bolsonaro são recorrentes. O que ainda assusta é a tolerância dessas violações pelas nossas instituições. A Câmara precisa dar uma resposta à altura, em respeito ao povo brasileiro e às nossas leis, que condenam esse tipo de conduta", acrescentou.
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