CPI: diplomatas temem mal-estar com retirada de sigilo de documentos
Entre os textos reclassificados há impressões de embaixadores brasileiros sobre países estrangeiros
Leonardo Cavalcanti
A retirada do sigilo de documentos enviados por órgãos públicos preocupa integrantes do Itamaraty, até mesmo diplomatas críticos ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido). O principal ponto é que, entre arquivos ordinários -sem qualquer necessidade de segredo-, há informações sensíveis ao próprio Estado brasileiro. É o caso de uma carta de um embaixador tecendo impressões sobre um país vizinho, com juízos nada favoráveis ao presidente estrangeiro.
A CPI da Covid aprovou ainda na 4ª feira (16.mai) o fim do sigilo de parte dos arquivos enviados à comissão por órgãos de origem. A estratégia é a de facilitar a análise de senadores, conforme defendeu o relator Renan Calheiros (MDB-AL). O problema é que alguns dos documentos, como a carta do embaixador, pouco interessam à CPI -e segundo diplomatas brasileiros já estão em análise por representantes estrangeiros.
Além de documentos do Itamaraty, há arquivos enviados pela Fiocruz, empresas e laboratórios privados e pelo Ministério da Saúde. O cálculo dos senadores oposicionistas e independentes é de que eventual custo dos constrangimentos vale a pena pela quantidade de informações para os trabalhos da CPI.