Gabinete paralelo e terceira onda: CPI ouvirá aliados de Bolsonaro
Nesta semana, comissão quer votar ainda convocação de supostos membros de assessoramento extraoficial
Gabriela Vinhal
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia ouvirá nesta semana aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e deverá votar requerimentos de convocação de supostos membros do gabinete paralelo, que, na avaliação da cúpula do colegiado, prestava consultoria ao chefe do Executivo de maneira extraoficial. Na 3ª feira (8.jun), o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, prestará novamente depoimento e será interrogado, principalmente, sobre as ações da pasta em meio à iminência de uma terceira onda da pandemia do país.
Senadores querem questioná-lo também sobre a decisão do governo de sediar a Copa América no país, além de querer avançar na tese de que o presidente não dava autonomia aos integrantes da Saúde para conduzir o trabalho de enfrentamento ao coronavírus. O próprio relator do colegiado, Renan Calheiros (MDB-AL), cobrou de Queiroga, a quem chamou de "ministro do silêncio", um posicionamento sobre o Brasil receber o torneio internacional.
Na 4ª feira (9.jun), será a vez do ex-secretário executivo da Saúde Élcio Franco falar à CPI. O coronel foi o número 2 da Saúde na gestão do ex-ministro Eduardo Pazuello e, atualmente, é assessor especial da Casa Civil. Ele deverá ser confrontado sobre compras e distribuição de insumos e sobre o funcionamento do suposto gabinete paralelo. Para a cúpula da comissão, está "confirmado" de que existia esse assessoramento e, por isso, querem ouvir também o deputado Osmar Terra (MDB-RS), o virologista Paolo Zanotto e a médica Ludhmila Hajjar.
O primeiro governador a ir à comissão será Wilson Lima (PSC), do Amazonas. Inicialmente, a oitiva de Lima estava marcada para 29 de junho, mas foi antecipada para 5ª feira (10.jun) depois que o gestor foi alvo de uma operação da Polícia Federal, que investiga fraudes e superfaturamento em contrato para instalação do hospital de campanha envolvendo empresários e servidores da saúde do estado. Na 6ª (11.jun), haverá um debate com especialistas.
Com a ofensiva, governistas já se preparam para blindar o Palácio do Planalto. Aliados de Bolsonaro usarão, entre os argumentos de defesa, que a Copa América obedecerá a todos os protocolos sanitários e que o país avançou na questão de aquisição de vacinas. Já o "G7" usará, principalmente, o vídeo divulgado na última 6ª feira (4.jun) pelo portal Metrópoles de uma das reuniões do presidente com o suposto gabinete paralelo, que contava com médicos que não faziam parte do governo e que se mantinham críticos à vacinação contra o coronavírus.