Publicidade

FALSO: É falso que a vacina AstraZeneca transmita varíola dos macacos

Confira a verificação realizada pelos jornalistas integrantes do Projeto Comprova

FALSO: É falso que a vacina AstraZeneca transmita varíola dos macacos
É falso que a vacina AstraZeneca transmita varíola dos macacos | Projeto Comprova
Publicidade

FALSO: Publicação mente ao afirmar que a vacina contra a covid-19 fabricada pela AstraZeneca contenha varíola dos macacos (em inglês, monkeypox ou mpox). O post destaca um trecho da bula que cita o “adenovírus de chimpanzé” na composição do imunizante e o associa à doença. Na realidade, esse adenovírus não tem qualquer relação com a mpox.


Conteúdo investigado: Publicação destaca a bula da AstraZeneca e relaciona o item “adenovírus de chimpanzé”, que aparece na composição da vacina, com a varíola dos macacos.

Onde foi publicado: Telegram e X.

Saiba mais:
>> Acesse o SBT Comprova
>> Acesse as verificações e informações do SBT News De Fato
>> Leia as últimas notícias no portal SBT News

Conclusão do Comprova: É falso que a vacina AstraZeneca tenha varíola dos macacos. Na verdade, o imunizante contém um adenovírus recombinante de chimpanzé, um vírus sem relação com o que causa a mpox. Essa informação foi confirmada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e dois especialistas consultados pelo Comprova.

O adenovírus usado na vacina serve apenas para carregar o material genético do coronavírus. É assim que a injeção causa uma resposta imunológica na pessoa vacinada, de acordo com Anvisa e Fiocruz.

O vírus contido na vacina foi modificado para não se replicar no nosso corpo – ou seja, ele não é capaz de causar doenças. Mesmo se fosse, o vírus é da família Adenoviridae, diferente do que causa a mpox, que é da família Poxviridae.

A reportagem tentou contato com a conta do X e do Telegram que compartilharam o conteúdo, mas não havia espaço para envio de mensagem.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. No Telegram, a publicação teve mais de 5 mil visualizações até o dia 26 de agosto de 2024. Já no X, na mesma data, o conteúdo alcançava a marca de 19,2 mil visualizações, 808 curtidas e 326 compartilhamentos.

Fontes que consultamos: Anvisa e Ministério da Saúde, instituições que trabalham com o imunizante, além de Fiocruz, AstraZeneca, o professor Aguinaldo Roberto Pinto, do departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e o médico infectologista Keny Colares, consultor da Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP).

Adenovírus e mpox são vírus diferentes

Ouvido pelo Comprova, Aguinaldo Roberto Pinto, professor do departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia da UFSC, destacou que o adenovírus e a mpox são dois vírus distintos, portanto, não há a possibilidade do imunizante causar a varíola dos macacos.

Ele explicou que a AstraZeneca é, de fato, feita a partir de um adenovírus que foi isolado de chimpanzés, mas que teve seu genoma modificado em laboratório de modo que não tenha capacidade de se multiplicar em seres humanos, conferindo assim segurança a este tipo de imunizante.

O professor acrescentou que as vacinas, de modo geral, são produzidas a partir de microrganismos mortos, microorganismos atenuados, RNA mensageiro e tipos de adenovírus que são incapazes de se replicar.

Relação de mpox com macacos é equivocada

Apesar de ser popularmente conhecida como “varíola dos macacos”, a transmissão da mpox não está relacionada a esses animais. De acordo com o Ministério da Saúde, o nome vem da descoberta inicial do vírus em macacos em um laboratório da Dinamarca, em 1958.

O Ministério da Saúde destaca que, embora o animal reservatório do vírus – no qual vive e se multiplica o agente causador da mpox – seja desconhecido, os principais associados são roedores, como os esquilos das florestas tropicais da África, principalmente da África Ocidental. Atualmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) também aponta ratos como animais suscetíveis a este tipo de varíola. No entanto, as “transmissões do surto atual, que atingiram mais de 75 países, foram atribuídas à contaminação de pessoa para pessoa, com contato próximo”, cita o órgão.

O médico infectologista e consultor da ESP Keny Colares disse que até o termo monkeypox é inadequado. “Ficou como se fosse um vírus de macacos, mas, na verdade, é uma doença humana”, afirmou.

“Esse vírus foi descoberto pela primeira vez em pessoas que tinham contato com macacos e achava-se que a doença era desse animal. Na verdade, ele é muito mais um vírus que causa doença humana e que, eventualmente, deu em algum macaco e, na época que esse vírus foi descoberto, ganhou esse nome de monkeypox e agora é difícil de voltar atrás”, contextualizou.

Vacina não é mais usada no Brasil

Segundo a Anvisa, a vacina AstraZeneca, registrada junto ao órgão em março de 2021, teve seu registro válido por três anos, até março de 2024. Quando este registro chegou ao fim, não houve pedido de renovação por parte da empresa e, por isso, a autorização para o uso em território nacional foi cancelada. Ou seja, o imunizante não é mais aplicado no Brasil.

A agência explicou que foi uma decisão apenas comercial, a eficácia e a segurança da vacina não mudaram.

A Fiocruz informou que mais de 190 milhões de doses da vacina foram aplicadas no país no período de três anos, e que a vacina “foi considerada uma estratégia eficaz do Ministério da Saúde para salvar vidas em momento de alto risco de doença grave pela covid-19”.

O Ministério da Saúde, em nota publicada no dia 3 de maio de 2024, confirmou que desde dezembro de 2022, com a queda de hospitalizações e mortes em decorrência da covid-19, a Astrazeneca deixou de ser adquirida. A pasta passou a dar preferência para a aquisição de vacina de outras plataformas, “conforme a disponibilidade das produtoras e recomendações da Câmara Técnica Assessora de Imunizações (CTAI)”.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Reuters e Aos Fatos confirmaram que é falso que a vacina AstraZeneca cause varíola dos macacos. O Comprova explicou o que é a mpox, doença que levou a OMS a declarar emergência global.

 

Investigação e verificação

O Povo, NSC, Correio do Estado e jornalistas do Programa de Residência Comprova  participaram desta investigação e a sua verificação, pelo processo de crosscheck, foi realizada pelos veículos Nexo, A Gazeta, Metrópoles, SBT, SBT News, O Popular, CNN Brasil, Estadão e Folha.
.

Esta reportagem foi elaborada por jornalistas do Projeto Comprova, grupo formado por 42 veículos de imprensa brasileiros, para combater a desinformação. Iniciado em 2018, o Comprova monitorou e desmentiu boatos e rumores relacionados à eleição presidencial. Na quinta fase, o Comprova verifica conteúdos suspeitos sobre políticas públicas do governo federal e eleições, além de continuar investigando boatos sobre a pandemia de covid-19. O SBT SBT News fazem parte dessa aliança.

Desconfiou da informação recebida? Envie sua denúncia, dúvida ou boato pelo WhatsApp 11 97045 4984.

 

Publicidade
Publicidade

Assuntos relacionados

Comprova
Falso
Verificação
Mpox
Saúde
Vacina
Covid-19
Coronavírus

Últimas notícias

Fortes chuvas causam inundações e deixam ao menos 16 mortos na Europa Central

Fortes chuvas causam inundações e deixam ao menos 16 mortos na Europa Central

Inundações afetam Romênia, Polônia, República Tcheca e Áustria; milhares de pessoas estão desabrigadas
 Tentativa de assalto a turistas termina em tiroteio no Rio

Tentativa de assalto a turistas termina em tiroteio no Rio

Troca de tiros entre seguranças e criminosos deixou um ferido em São Cristóvão
Trump mantém agenda de campanha após suposta tentativa de assassinato

Trump mantém agenda de campanha após suposta tentativa de assassinato

Suspeito pelo ataque foi preso, e o caso é investigado pelo FBI
PF prende militar suspeito de operar drones para o crime no Rio

PF prende militar suspeito de operar drones para o crime no Rio

Aparelhos eram usados para lançar granadas contra rivais e monitorar ações policiais
Lula confirma acordo com Congresso e sanciona desoneração da folha de pagamentos

Lula confirma acordo com Congresso e sanciona desoneração da folha de pagamentos

Decisão, com quatro vetos, sai após meses de negociações com parlamentares e votação polêmica na Câmara. Reoneração será gradual, sem afetar 2024
"Se eu não tiro ele de perto de mim, eu mato ele", disse babá acusada de agredir bebês no Rio

"Se eu não tiro ele de perto de mim, eu mato ele", disse babá acusada de agredir bebês no Rio

Babá detalhou as agressões em mensagens de áudio
Senadora quer dobrar penas para crimes ambientais em período de seca

Senadora quer dobrar penas para crimes ambientais em período de seca

Proposta surge após incêndio que devastou quase metade da Floresta Nacional de Brasília
Menino de 10 anos encontrado em buraco é enterrado em Brasília

Menino de 10 anos encontrado em buraco é enterrado em Brasília

Familiares e amigos vestiram camisetas com as fotos da criança em despedida durante o velório, marcado pela comoção
Apesar de todo o barulho, TRE-SP não recebeu queixa sobre cadeirada de Datena

Apesar de todo o barulho, TRE-SP não recebeu queixa sobre cadeirada de Datena

Ministério Público Eleitoral reprovou 'falta de urbanidade' entre candidatos à prefeitura de São Paulo
Candidata a vereadora e irmã são assassinadas após sequestro em Mato Grosso

Candidata a vereadora e irmã são assassinadas após sequestro em Mato Grosso

Motivo do crime seria uma foto em que as vítimas supostamente fazem o gesto de uma facção; 10 pessoas foram detidas
Publicidade
Publicidade