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ENGANOSO: Vídeo que mostra suposto roubo em fazenda é de 2022, e não tem ligação com Lula

Confira a verificação realizada pelos jornalistas integrantes do Projeto Comprova

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Vídeo que mostra suposto roubo em fazenda é de 2022, e não tem ligação com Lula | Projeto Comprova
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ENGANOSO: Imagens antigas atribuídas a um roubo de fazenda em Mato Grosso em 2022 circulam fora de contexto. Uma postagem associa o vídeo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas não há provas de ligação com o político.


Conteúdo investigado: Posts exibem vídeo de um homem agredindo um trio que, supostamente, teria tentado roubar gado de uma fazenda em Mato Grosso. A legenda da publicação relaciona as imagens ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao afirmar: “Os meninos do luladrão se deram mal!”. O vídeo também mostra a foto da cabeça de um dos animais que teria sido roubado.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: Publicação de vídeo que viralizou nas redes sociais em agosto de 2024 engana ao associar ao presidente Lula imagens de agressões após um suposto roubo de gado ocorrido em 2022. 

Na verdade, o caso é antigo, quando Lula não era presidente, e foi noticiado pela imprensa local em dezembro de 2022. O crime teria ocorrido em 14 de dezembro, na cidade de Pontes e Lacerda (MT), e não apresenta nenhuma ligação com o chefe do Executivo brasileiro.

O Comprova entrou em contato com a Polícia Judiciária Civil (PJC) do Mato Grosso para saber mais informações sobre a suposta tentativa de roubo descrita no vídeo. No entanto, não há Boletim de Ocorrência registrado nem pelo agressor e nem pelos homens agredidos.

As únicas informações a respeito do caso foram noticiadas pelo programa “Cadeia Neles”, da TV Vila Real de Cuiabá, pertencente ao Grupo Gazeta de Comunicação. O site de notícias FolhaMax e o Diário de Cáceres republicaram em texto as informações obtidas pelo programa, que foi ao ar no dia 15 de dezembro de 2022.

Na íntegra da edição, disponível na página da TV Vila Real no Facebook, o repórter noticia a tentativa de roubo e mostra o vídeo da agressão, o mesmo que agora circula nas redes.

Ele diz que, “na região de Pontes e Lacerda, um animal ou dois animais acabaram sendo mortos na mesma área em que foram furtados”. “O boletim de ocorrência não foi confeccionado. Os detalhes chegam por outras vias, explicando que se trata de uma ação isolada, onde foi praticada a ‘disciplina’ (…) nós temos um vídeo”. Em destaque na tela, aparece escrito “Bando furta gado no Vale do Guaporé e cai no Tribunal do Crime”. O programa não dá informações adicionais sobre o caso, nem como conseguiu acesso ao vídeo.

A reportagem contatou o FolhaMax para confirmar as informações. Conforme o veículo, o furto de gado é comum no estado, e a matéria sobre o vídeo foi feita com base no programa Cadeia Neles.

O programa de TV e o autor do post no X, antigo Twitter, também foram procurados, mas o Comprova não obteve respostas até a publicação desta checagem.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 30 de agosto, nos três perfis do X onde foi publicado, o vídeo somava mais de 3 milhões de visualizações.

Fontes que consultamos: A partir de busca reversa por imagens do vídeo, o Comprova encontrou publicações da FolhaMax e do Diário de Cáceres. Depois, procurou pela edição do programa “Cadeia Neles”, mencionado pela FolhaMax. Por fim, ouviu os veículos e a Polícia Judiciária Civil de MT para confirmar as informações.

Tribunal do Crime

Apesar de a edição do programa “Cadeia Neles” não explicar a ligação do suposto roubo de gado com o “tribunal do crime”, o grupo é mencionado por escrito na tela. De acordo com nota da Secretaria do Estado da Segurança Pública de Mato Grosso (SESP), “tribunal do crime” é o nome de uma organização criminosa que atua no estado.

A matéria do FolhaMax diz que os responsáveis pela agressão “também seriam criminosos que integram o chamado ‘tribunal do crime’”, mas que não há informações para sustentar a suspeita.

O Comprova também não encontrou informações sobre a identidade e a ocupação das pessoas que aparecem no vídeo, nem a ligação dos indivíduos com qualquer organização criminosa ou com Lula.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Esta não é a primeira vez que um vídeo antigo é usado fora de contexto para criar desinformação sobre Lula. Anteriormente, o Comprova mostrou que outra publicação engana ao utilizar vídeo de 2022 para sugerir que o petista é impopular. Outras checagens do Comprova verificaram ser falso que o petista tenha recebido votos nulos ou em branco nas eleições de 2022, assim com um vídeo mente ao afirmar que Elon Musk teria dito que Lula “foi nomeado, e não eleito”.

Investigação e verificação

Imirante, Nexo e Portal Norte participaram desta investigação e a sua verificação, pelo processo de crosscheck, foi realizada pelos veículos Metrópoles, A Gazeta, O Popular, Folha, Estadão, UOL, O Povo, SBT e SBT News.
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Esta reportagem foi elaborada por jornalistas do Projeto Comprova, grupo formado por 42 veículos de imprensa brasileiros, para combater a desinformação. Iniciado em 2018, o Comprova monitorou e desmentiu boatos e rumores relacionados à eleição presidencial. Na quinta fase, o Comprova verifica conteúdos suspeitos sobre políticas públicas do governo federal e eleições, além de continuar investigando boatos sobre a pandemia de covid-19. O SBT SBT News fazem parte dessa aliança.

Desconfiou da informação recebida? Envie sua denúncia, dúvida ou boato pelo WhatsApp 11 97045 4984.

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