Além da aparência: 'Um Homem Diferente” é uma experiência sobre aceitação e identidade
Um novo rosto, uma nova vida? Filme, que estreia em 12 de dezembro, traz Sebastian Stan e Adam Pearson em atuações marcantes
Cleide Klock - Los Angeles
O quanto a aparência nos define? Já imaginou ser de outra maneira, em se transformar fisicamente para alcançar o corpo ou ter o rosto ‘perfeito’? E como ficaria a sua essência?
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“Um Homem Diferente”, que estreia na próxima semana (12), mostra a jornada de alguém que não está feliz na própria pele e se submete a um procedimento para alterar drasticamente o rosto. Com uma história intrigante e atuações marcantes, o filme é uma experiência cinematográfica que fala sobre identidade, superficialidade e pressão social.
Edward — interpretado por Sebastian Stan — é um ator, mas não se sente à vontade com sua aparência. Acha que uma condição genética rara que afeta sua face o define. Por isso, quando uma oportunidade de transformação radical surge, não pensa duas vezes. Ele se submete a um procedimento médico experimental que promete reconfigurar completamente seu rosto. E aí, sim, com a aparência dos sonhos, consegue oportunidades antes inimagináveis.
Mas por dentro, nada mudou.
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E no seu caminho aparece Oswald, alguém parecido com quem ele era, interpretado pelo ator Adam Pearson, que na vida real tem a mesma condição genética. Mas a grande diferença? Está bem resolvido e chama a atenção pelo modo de levar a vida.
“Hollywood há muito tempo tem os clichês de vitimização, vilania ou falso herói em torno do estigma da deficiência. Eu amei a história de fundo ou o susto repentino da coisa toda. Ele simplesmente aparece e, uma crítica disse que Oswald desliza pelo filme como o prefeito não oficial, cumprimentando todo mundo que passa. Então, foi ótimo interpretar alguém assim, onde acho que deficiência não é nem mencionada no filme todo”, diz Pearson.
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Sebastian, que está sendo cogitado a uma indicação ao Oscar pelo papel, contou que andou pelas ruas de Nova York com a máscara que usou no filme para sentir a reação das pessoas. E, também, conversou com quem se transformou completamente e se perdeu no processo.
“Falei com essa mulher, Elna Baker, ela passou por essa transição em que perdeu muito peso. Ela tinha mais de 120 quilos e tinha perdido muito peso (38 kg) e ela realmente fala extensivamente sobre o que aconteceu com ela quando conseguiu sair por aí no mundo que ela sempre fantasiou, por anos, para ser como todo mundo na rua. Ela realmente se tornou uma espécie de viciada, buscando a emoção dessa liberdade recém-descoberta até que ela estagnou, por assim dizer. Ela estava realmente começando a sentir falta do, entre aspas, lado “grotesco” dela, que havia aprendido a suprimir e fugir por tanto tempo. Estava desejando isso pelo fato de que ela era agora bem regular comparada a todos os outros. Então, isso foi muito útil para mim por várias razões. Ela também tinha uma vizinha que nem a reconheceu quando ela perdeu todo esse peso. Até isso foi interessante. Mas quando você vê Edward naquela situação imobiliária, sim, estava no roteiro que ele estaria trabalhando com imóveis. É meio engraçado porque há todos esses atores que acabam trabalhando com imóveis. Eles usam aqueles ternos e aqueles sapatos brancos e tudo mais. Essas foram conversas com Aaron e com nosso figurinista, especificamente. Mas ele tinha meio que essa vida estagnada. Ele agora está fazendo o papel que todos estamos fazendo nas rotinas das nove às cinco, nessa roda da fortuna em que estamos. Então, não chegou a ser o que ele pensou que seria”, conta o ator.
A maquiagem é uma obra de arte à parte feita pelo artista Michael Marino. A cada dia de gravação, eram necessárias três horas de preparação para Sebastian Stan ficar com o rosto de Edward.
“Um Homem Diferente” é uma mistura de drama e comédia ácida, dirigido por Aaron Schimberg, mas é também um thriller psicológico sobre a natureza humana e nos convida a refletir sobre o quanto nossa aparência molda nossa percepção sobre quem somos e o papel que a sociedade desempenha nessa construção. E o melhor, é ver Adam Pearson atuando, uma lição para todos. Um convite à reflexão.