"A Franquia" revela os bastidores caóticos da indústria cinematográfica
A primeira temporada tem oito episódios e a cada domingo um novo capítulo é lançado na plataforma MAX
Cleide Klock - Los Angeles
Como são feitos os filmes de super-heróis? O que rola nesses sets de filmagens? Olha, parece que tudo é um caos! A série “A Franquia” que estreou neste domingo (HBO MAX), agora traz à tona — com muito bom humor — os segredos dos bastidores dessas superproduções. O SBT News participou com exclusividade da estreia em Los Angeles, nos estúdios da Paramount Pictures e conversou com os atores.
Tudo parece um grande absurdo. Mas, quem está envolvido em produções de algumas franquias, garante que é, mais ou menos, isso que acontece.
A série não tem medo de satirizar os excessos e as particularidades das grandes produções: com egos inflados, prazos apertados e decisões criativas questionáveis.
A trama também se propõe a mostrar os diversos profissionais que trabalham em um set de filmagem.
Para Himesh Patel essa é uma das maiores qualidades da série. O ator interpreta o primeiro assistente de direção, ponto central dessa história, a pessoa responsável pelo set, pela programação e por manter tudo funcionando.
"Ele é um cara bem estressado, bem estressado. Mas, o que amo é que estamos destacando e colocando no centro da história a equipe com quem todos nós trabalhamos. Todos nós que fizemos muita TV e filme, trabalhamos com muitas pessoas da equipe técnica, essas são as pessoas que não aparecem, por exemplo, aqui nas premières. Elas não têm seus nomes em holofotes, não ficam em frente das câmeras. Mas são essenciais para qualquer coisa que seja feita em qualquer gênero", conta Himesh.
"Eu interpreto uma supervisora de roteiro e o trabalho dela é basicamente garantir que tudo que está no roteiro seja filmado, seja captado pela câmera. Sou muito comprometida com o trabalho, amo o que eu faço, amo meu trabalho, eu sou muito profissional, mas talvez um pouco demais, porque eu realmente não tenho muita vida fora do trabalho. Acho que muitos dos personagens compartilham disso. Eu sou bem pedante e bem organizada", adianta a atriz Jessica Hynes sobre sua personagem
Já Billy Magnussen faz o papel do ator que está tentando um lugar ao sol no universo dos super-heróis.
"Eu interpreto Adam Randolph, um ator tentando se tornar o rosto da franquia neste filme. O que eu amei em explorar esse personagem foi que eu vejo muitos dos meus colegas nesta indústria vivendo em um espaço inseguro, porque você está isolado em si mesmo o tempo todo. Explorar a humanidade e o humor nisso foi um presente, então me sinto sortudo", revelou ao SBT News.
A série foi criada e dirigida por Sam Mendes, cineasta que dirigiu sucessos como 'Beleza Americana' e filmes da franquia do OO7 (Operação Skyfall, 2012 e 007 Contra Spectre, 2015).
O produtor-executivo Armando Iannucci contou como nasceu a ideia de fazer essa série.
"Conheço o Sam Mendes há muito tempo. Estávamos conversando, almoçando, e ele tinha acabado de fazer dois filmes de James Bond. Ele estava me contando como é fazer parte de uma grande franquia. Em um comentário casual eu disse: tem uma comédia ali. Ele pensou, e disse: sim, há uma comédia ali. Nós discutimos qual era a grande franquia no momento. Na época, eram os filmes de super-heróis e pensamos: não seria engraçado ver como é um dia na vida da produção de um desses filmes? Porque não é apenas a pressão de fazer um filme, mas fazer um filme como parte de algo ainda maior sobre o qual você não tem controle. Há o estúdio, e eles estão meio que não se sentindo no controle de algo em que você está colocando toda a sua paixão e energia".
Já o diretor dentro da história é interpretado por Daniel Brühl. O ator já fez filme e série de super-herói (Capitão América: Guerra Civil) e revela que esse caos representado na tela não tem muito exagero não.
"Sim! Esse é o motivo. É tão preciso. Há tanta verdade nisso, honestamente. É por isso que quando li, eu estava rindo e chorando, porque me lembrou de tantos momentos que eu vivi. Não necessariamente com a Marvel, porque nessa experiência com eles tudo funcionava bem, eu tenho que dizer. Essas duas vezes que trabalhei com eles, fui muito bem tratado, e não há nada do que reclamar, na verdade. Mas teve outro filme que prefiro não mencionar que foi um desastre total. Foi ruim desde o primeiro dia, e foi piorando e piorando e piorando. E ainda assim, toda noite, você tem que ir para casa, e eu olhava para meu rosto miserável no espelho, e eu estava pensando, como eu vou sobreviver no dia seguinte e na semana seguinte? Não havia saída. Era tão complicado, e todo o absurdo, a pressão, o dinheiro, a disfunção, a má comunicação. E está tudo isso nessa série", desabafa Daniel.
Daniel nasceu na Espanha, cresceu na Alemanha, mas o pai dele era brasileiro. Daniel não quis arriscar o português. Mas declarou seu amor ao nosso País.
"Oh meu Deus, não é só o país, são as pessoas, é a generosidade e o coração que esse país tem, é a música, é a cultura, é esse jeito de viver que eu acho que na Europa e também nos EUA nós poderíamos e podemos aprender muito. Do jeito, de saber viver, como vocês brasileiros sabem viver", finaliza.
A primeira temporada de “A Franquia” tem oito episódios e a cada domingo um novo capítulo é lançado da plataforma MAX.