Rússia prende repórter do Wall Street Journal sob acusação de espionagem
É a primeira vez que um correspondente dos EUA é detido por esse tipo de acusação desde a Guerra Fria
SBT News
A principal agência de segurança da Rússia prendeu nesta 5ª feira (30.mar) um repórter norte-americano do Wall Street Journal sob acusações de espionagem. É a primeira vez que um correspondente dos EUA é detido por esse tipo de acusação desde a Guerra Fria.
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Segundo o Serviço Federal de Segurança (FSB) da Rússia, Evan Gershkovich, foi detido na cidade de Yekaterinburg, enquanto supostamente tentava obter informações classificadas.
O FSB, que é a principal agência sucessora da KGB da era soviética, alegou que Gershkovich "estava agindo sob ordens dos EUA para coletar informações sobre as atividades de uma das empresas do complexo industrial militar russo que constituem um segredo de estado".
A agência confirmou que o jornalista tinha o credenciamento do Ministério das Relações Exteriores da Rússia para trabalhar no país, mas a porta-voz do ministério, Maria Zakharova, disse que Gershkovich estava usando suas credenciais para "atividades que nada têm a ver com jornalismo".
Em nota, o jornal norte-americano negou as acusações contra o seu funcionário e pediu sua libertação imediata.
"O Wall Street Journal nega veementemente as alegações do FSB e busca a libertação imediata de nosso confiável e dedicado repórter, Evan Gershkovich", disse o jornal. "Somos solidários com Evan e sua família."
Gershkovich, que cobre a Rússia, Ucrânia e outras nações ex-soviéticas como correspondente no escritório do Wall Street Journal em Moscou, é o primeiro repórter norte-americano a ser preso por acusações de espionagem na Rússia desde setembro de 1986, quando Nicholas Daniloff, correspondente em Moscou do US News and World Report, foi preso pela KGB. Daniloff foi libertado sem acusações 20 dias depois em troca de um funcionário da missão da União Soviética nas Nações Unidas, preso pelo FBI também sob a acusação de espionagem.
Em audiência nesta 5ª feira, um tribunal de Moscou decidiu manter Gershkovich preso enquanto aguarda as investigações. Se for condenado, o jornalista pode pegar até 20 anos de prisão.
O governo dos Estados Unidos ainda não se pronunciou sobre o caso.
* Com informações da Associated Press