17 são resgatados de trabalho escravo em carvoaria no Maranhão
Índice que mede poluição estava 66 vezes maior que o recomendado, expondo vítimas a mais riscos

Primeiro Impacto
Uma operação do Ministério Público do Trabalho do Maranhão em conjunto com as polícias Federal (PF) e Rodoviária Federal (PRF) resgatou 17 trabalhadores que estavam em condições análogas à escravidão em uma carvoaria na cidade de São João do Paraíso.
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Os trabalhos começaram em 6.fev e foram finalizados na 4ª feira (15.fev). A operação "Gênese" adotou esse nome por dar "início" às buscas com o objetivo de erradicar o crime no estado, principalmente em carvoarias.
Oito trabalhadores foram resgatados em uma primeira etapa. Depois, após visitas em alojamentos, outros nove, incluindo uma mulher. A vítimas bebiam água sem filtragem, viviam sem energia elétrica há três meses e dormiam em redes. Os trabalhadores ainda sofriam ataques de insetos e animais peçonhentos.
Oito resgatados ficavam no mesmo quarto, dormindo em redes. O fogo para cozinhar era improvisado com uma lata de alumínio, já que nem fogão havia no local. Os quartos eram insalubres e precários, sem higiene. O banheiro, em um dos assentamentos, era feito de tábuas.
A fiscalização começou em Imperatriz e seguiu por 14 quilômetros até São João do Paraíso. No local havia 36 fornos para produção de carvão vegetal, distante 17 quilômetros do assentamento São João.
As vítimas trabalhavam como empilhadores, operadores de motosserra ou pneu, zelador, forneiro, batedor de tora, entre outras. A jornada exaustiva e criminosa foi constatada entre uma cozinheira, de 55 anos, que trabalhava 12 horas por dia, e um carbonizador de 46 anos.
A mulher começou a trabalhar aos nove anos de idade. O homem, analfabeto e natural de Minas Gerais, começou a trabalhar aos 15 anos. Ele vive no Maranhão há dez e não perdeu os laços com familiares.
Ainda na operação, um sensor registrou 999,9 microgramas de partículas nocivas por metro cúbico, índice 66 vezes maior que o recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Segundo o Ministério Público do Trabalho maranhense, os regatados receberam R$ 47,7 mil em verbas rescisórias, incluindo férias e 13º salário proporcionais e três parcelas de seguro-desemprego.
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