Polícia investiga mensagens em grupos e publicações antidemocráticas
Investigação sobre atos golpistas mira publicações nas redes sociais
Paola Cuenca
Mensagens em código, trocadas por grupos antidemocráticos nos dias que antecederam as invasões em Brasília, podem ajudar nas investigações. A Polícia Federal também se debruça em conteúdos publicados nas redes sociais.
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Três dias antes das invasões, em uma transmissão ao vivo em uma rede social, o empresário mineiro Esdras dos Santos convoca pessoas para viajar até Brasília. Ele fala sobre uma guerra espiritual e diz que pessoas valentes devem lutar contra o comunismo.
"A gente já conseguiu 60 lugares de ônibus, um ônibus já conseguiram com empresário. Nós estamos fazendo essa live para pessoas, homens bravos, homens fortes e mulheres também que não podem ficar para trás, mulheres fortes que queiram ir para Brasília para esses dias 7, 8 e 9. Eu preciso que essas pessoas que queiram ir se apresentem para alistar hoje na porta do quartel, é um alistamento mesmo, para você se alistar meu amigo", disse o empresário.
O vídeo faz parte de uma notícia-crime apresentada pela OAB/MG ao Supremo Tribunal Federal (STF). O repórter Ricardo Brandt -- do SBT News -- teve acesso ao conteúdo. Esdras dos Santos foi incluído no inquérito dos atos antidemocráticos e teve o passaporte cancelado a pedido da Justiça. Ele teria deixado o país após a depredação na praça dos Três Poderes.
Esdras dos Santos é suspeito de liderar e coordenar o movimento golpista em Minas. Ele já havia sido multado pelo ministro Alexandre de Moraes em R$ 100 mil por litigância de má-fé. O empresário acionou a Justiça de Minas no começo do ano para manter o bloqueio da via em frente ao quartel militar de Belo Horizonte, apesar da decisão do STF para que todos os espaços públicos fossem liberados.
Para o conselheiro da OAB/MG, Négis Rodarte, Esdras pode responder a outros crimes além da incitação: "em tese podemos ir um pouquinho mais além, conforme o ministro Alexandre de Moraes vem na sua redação expondo, abrangendo crime até mesmo de terrorismo, visto que o artigo terceiro, o artigo quinto e o artigo sexto dispõem que o financiamento poderá e deverá constituir crime quando tiver por escopo a abolição do estado democrático de direito e também concernente de maneira muito específica a uma tentativa de golpe".
Mensagens em grupos de Telegram acessadas pela Advocacia-Geral da União também mostram o planejamento dos atos violentos.
Os participantes chamam o ato do dia 8 de "festa da Selma", avisam que ela não acontecerá no QG do Exército, e que "quanto mais convidados, melhor". Dizem que há "três pavimentos espaçosos" e que "cabe todo mundo". Além de organizar caronas e ajudas de custo, citam a necessidade de levar máscara contra gás lacrimogêneo, lanternas, rádios comunicadores e orientam como pegar uma granada de gás lacrimogênio para arremessar contra a polícia sem se machucar. pedem que ninguém faça alarme de hora ou data e dizem que isso se chama estratégia.
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