Falta de imunizantes está afetando a vacinação de crianças contra a covid-19
O Ministério da Saúde prevê a entrega de mais doses a partir da semana que vem
A falta de imunizantes está afetando a vacinação de crianças contra a covid-19 em pelo menos oito capitais brasileiras. O Ministério da Saúde prevê a entrega de mais doses a partir da semana que vem.
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Quase três anos após o início da pandemia, o Brasil ainda enfrenta a falta de vacinas, ou o pior: o desperdício de imunizantes, e as crianças são as mais afetadas.
Por falta de doses, a imunização infantil está suspensa em Fortaleza, Belo Horizonte, Goiânia e Salvador. Em João Pessoa, apenas a primeira dose está sendo aplicada. Aracaju e Curitiba aplicam somente as segundas doses. Em Florianópolis, não há vacina para os bebês menores de dois anos.
Em Porto Velho, uma situação absurda: devido à baixa procura, vacinas foram para o lixo. Segundo a secretaria de Saúde isso aconteceu após agendamentos em que as pessoas não compareceram.
Na cidade do Rio de Janeiro, a vacinação para crianças entre 0 e 5 anos está suspensa desde o mês passado. E, agora, já começam a faltar doses para adultos em alguns postos.
Nesta 5ª feira (5.jan), o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, foi para Brasília para tentar regularizar o estoque de imunizantes na capital fluminense. Ele participou de uma reunião com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, que prometeu o envio de um milhão de doses para a cidade a partir da próxima semana.
Após o encontro, Soranz disse que o problema foi causado por falhas de planejamento da gestão federal anterior: "o Ministério da Saúde tem muitas doses de vacinas de covid em estoque, e o problema não é a falta de doses; o problema é a logística de distribuição do Ministério da Saúde. Infelizmente, isso se repetiu ao longo do ano de 2021 e 2022 todo, o Ministério da Saúde segurando doses enquanto os estoques zeravam nos municípios".
A escassez de vacina nos postos acontece no momento em que 69 milhões de brasileiros com mais de 12 anos ainda não tomaram nenhuma dose de reforço contra a covid. Especialistas alertam que, se continuar assim, o cenário atual poderá se tornar uma porta de entrada para a multiplicação de casos da doença no país.
É o que explica o infectologista e epidemiologista da Universidade Federal do Rio, Celso Ramos: "há possibilidade de surgirem novas variantes mais transmissíveis, há possibilidade de surgirem variantes que escapam das vacinas que nós temos, há possibilidade de surgirem variantes até com uma agressividade, com uma virulência, com uma patogenicidade maior".
Nesta 4ª feira (4.jan), o governo federal voltou a recomendar a vacinação de todas as crianças de 5 a 11 anos com a primeira dose. O Ministério da Saúde também precisa correr contra o tempo para agilizar a distribuição da vacina bivalente da Pfizer. Em dezembro, o laboratório entregou um 1,1 milhão de doses da nova versão do imunizante, que reduz ainda mais os riscos de infecção, incluindo os provocados por novas variantes.
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