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Jornalismo

Sheik dos Bitcoins na mira da Justiça: luxo e golpes financeiros

Preso pela PF por golpes no Brasil e nos Estados Unidos deu prejuízo para famosos, como Wesley Safadão e Sasha

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O homem conhecido como o Sheik dos Bitcoins, Francisley Valdevino da Silva, e seus associados foram acusados pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos e pelo Ministério Público Federal (MPF), no Brasil, de crimes financeiros e lavagem de dinheiro. O SBT News acesso aos bastidores da fraude bilionária, que deixou vítimas nos dois países. Entre eles, famosos como o cantor Wesley Safadão.

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São vídeos, depoimentos, análises periciais, relatórios de inteligência e análise do MPF e da Polícia Federal (PF), que desde 2021 investiga os esquemas de fraudes e golpes do Sheik dos Bitcoins, em cooperação com os Estados Unidos. 

Francis, como era conhecido, está preso desde novembro, acusado por cinco crimes ao todo: organização criminosa, crimes contra a economia popular, lavagem de dinheiro, estelionato, e por negociar títulos ou valores de forma irregular. 

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Trecho da denúncia do MPF contra o Sheik dos Bitcoins | Reprodução

Segundo a denúncia, do MPF em Curitiba, o "Sheik dos Bitcoins" liderava uma organização criminosa que movimentou mais de R$ 4 bilhões e teria gerado um prejuízo de até R$ 1,2 bilhão.  A denúncia foi apresentada pelo procurador da República Geraldo Fernando Magalhães Cardoso.

Nos Estados Unidos, duas empresas do esquema do Sheik dos Bitcoins, a Forcount e a Weltsys, caíram nos radares das autoridades norte-americanas em 2020. Desde então, os negócios suspeitos e vida de gastos milionários do brasileiro passaram a ser monitorados. com promessas de ganhos de até 13,5% nos investimentos em criptmoedas. 

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No Brasil, as investigações foram conduzidas pelo delegado da Polícia Federal, Filipe Pace, de Curitiba. As apurações mostraram que o grupo criminoso ligado ao Sheik dos Bitcoins tinha 83 empresas abertas, ligadas à Intergalaxy Holdings S.A., que seriam usadas para as fraudes. 

Marketing

A vida de luxo e ostentação nas redes sociais era parte dos golpes, segundo explicou o delegado da PF. Associar os negócios a pessoas famosas também. Foi o caso da filha da apresentadora Xuxa, Sasha Menghel, que tomou um prejuízo de pelo menos R$ 1,2 milhão. Quem também tomou prejuízo e enfrenta problemas com a Justiça é o cantor Wesley Safadão, que pode perder um jato de mais de R$ 30 milhões, pelos negócios com o Sheik dos Bitcoins.

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Filipe Hille Pace, especialista em crimes com criptos | PF/Divulgação

O cantor foi ouvido pela PF no processo. Ele é considerado vítima dos golpes. A aeronave negociada com Francis foi devolvida como forma de compensação pelo dinheiro que deixou de ser resgatado.

O "Sheik dos Bitcoins" gostava de aparentar uma vida dos sonhos em postagens em redes sociais e mensagens enviadas aos amigos e clientes. Não faltavam dinheiro, viagens, objetos caros. 

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Francis e seus carros | Reprodução

Aos finais de semana, passeios de moto aquática ou lancha, ele chegou a ter 3 delas compradas na fábrica, por  aproximadamente R$ 60 milhões, descobriu a PF. Teve ainda dois helicópteros.

O "Sheik" ainda adorava exibir os carros de luxo. Ferraris de última geração, uma Lamborguini, avaliada em mais de R$ 1 milhão, carros que gostava de filmar nas garagens de suas duas mansões: uma em Santa Catarina e outra em Angra dos Reis (RJ).

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Laudo pericial da PF | Reprodução

Segunda a PF, ostentar essa riqueza toda fazia parte da estratégia de se mostar bem sucedido e atrair mais clientes para o golpe. Nem tudo era real. Numa das buscas e aprensões feitas na Operação Poyais, foi localizada uma mala com cem barras de ouro.

Mas na verdade, elas são todas feitas de latão, como mostrou um laudo assinado pelo períto criminal federal Fábio Salvador.

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Famosos

Associar os negócios a pessoas famosas também fazia parte da fraude. Segundo os investigadores, esse elo com pessoas conhecidas dava legitimidade ao negócio. Foi o caso da filha da apresentadora Xuxa, Sasha Meneghel, que tomou um prejuízo de pelo menos R$ 1,2 milhão com os falsos investimentos. O Sheik tinha diversas empresas, mas todas prometiam ganhos altíssimos por mês, cerca de 8% até 13%, com o investimento em criptomoedas.

Era um golpe em etapas, de acordo com MPF. Primeiro a captação: clientes eram atraídos por palestras, pela vida de ostentação ou promoções com atores, músicos e formadores de opinião. Depois, vinha a primeira remuneração: os novos clientes recebiam uma remuneração bem atrativa e eram estimulados a reeinvestir o valor ou aportar ainda mais dinheiro. Era uma forma de ganhar a confiança das vítimas

Na sequênica, o bando indicava o investimento em as novas criptomoedas, que supostamente, teriam ganhos estratosféricos, mas na verdade tinham o valor controlado pelo Sheik.

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Francisley Silva, o Sheik dos Bitcoins | Reprodução

Depois disso, vinha o "estancamento", as empresas do Sheik começaram a deixar de pagar a rentabilidade que prometiam e ainda não permitriam mais os saques. Nesse momento, as vítimas pouco tinham o que fazer.

Depois disso, vinha uma espécie de contenção de danos, mudanças nos nomes da empresas, que chegram a ser 83, e pedidos de falência. Familiares do sheik eram usados como laranjas para criar novas empresas e perpetuar a fraude. Já, as vítimas, ficavam sem dinheiro.

Avião

Quem também tomou prejuízo  é o cantor Wesley Safadão. A empresa dele, a WS Shows, recebeu um jato de última geração, como uma compensação pelos prejuízos com as empresas do Sheik. Mas agora pode perder a aeronave, que foi bloqueada pela Justiça. Ela pode ser usada para pagar as vítimas do golpe.

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Wesley Safadão em jato apreendido: negócios com Sheik | Reprodução

Em nota, a assessoria da WS Shows diz que " é mais uma vítima da operação" e que "foi surpreendida com a recente decisão que determinou o bloqueio do jato". 

A defesa de Francisley nega no processo as fraudes e diz que todos os negócios eram regulares. Procurados pela reportagem, não houve resposta.

"A WS Shows é mais uma vítima dessa operação. Buscando antecipar notícias e afastar indevidas conclusões sobre o caso, esclarecemos que os sócios da WS Shows também acreditaram ser uma boa oportunidade de negócio, e assim que identificaram fragilidades, correram atrás de desfazer tudo, conseguindo minimizar o prejuízo investindo na compra do avião, inclusive pegando financiamento com o Banco do Brasil S/A. A WS Shows foi surpreendida com a recente decisão que determinou o bloqueio do jato, porém já está nas mãos da Justiça para que tudo seja resolvido da melhor e mais justa forma."


 

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