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ENGANOSO: Haddad não defendeu Stalin quando era ministro da Educação

Vídeo que circula na internet pegou trecho de fala do candidato sobre leitura e norma culta no Senado

ENGANOSO: Haddad não defendeu Stalin quando era ministro da Educação
selo de verificação de fatos do sbt news de fato aponta como sendo como video enganoso, conteúdo que confunde nas redes e web
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ENGANOSO: É enganoso vídeo que circula nas redes sociais em que Mário Frias, ex-secretário especial da Cultura e candidato a deputado federal por São Paulo pelo PL, afirma que o candidato a governador de São Paulo, Fernando Haddad (PT), defende o político soviético Josef Stalin e um "fuzilamento do bem". O trecho de uma fala de Haddad na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, quando ele ainda era Ministro da Educação, em 2011, foi retirado de contexto e utilizado no vídeo.


O QUE FOI INVESTIGADO?: O vídeo começa com uma fala de Mário Frias, que afirma: "Fernando Haddad, o candidato do Lula para o governo de São Paulo, defende um dos mais cruéis assassinos da história da humanidade. Veja o que ele fala sobre Stalin nesse vídeo". A gravação seguinte mostra Haddad na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado dizendo: "Porque há uma diferença entre o Hitler e o Stalin que precisa ser devidamente registrada. Ambos fuzilavam seus inimigos, mas Stalin lia os livros antes de fuzilá-los. Lia os seus livros". Logo em seguida, Frias volta ao vídeo e completa: "Esse é o cara que quer ser governador do Estado de São Paulo. Na maior cara lavada, defende o fuzilamento do bem. A defesa de qualquer assassino é inadmissível e repugnante. Haddad, assim como Lula, passa pano para assassinos na maior cara de pau. São Paulo não merece Haddad como governador, já não basta a tragédia que ele foi como prefeito. Esquerda nunca mais".

Onde foi publicado: O vídeo foi publicado inicialmente no perfil da rede social Twitter de Mário Frias, no dia 24 de agosto, mas foi apagado após decisão da juíza Maria Claudia Bedotti, do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, que no dia 25 de agosto determinou a remoção, no prazo de 24 horas, do conteúdo considerado por ela uma "afirmação inverídica, propalada com o inegável propósito de causar descrédito do eleitorado".

Alcance da publicação: Antes de ser apagado de sua conta, o vídeo tinha cerca de sete mil curtidas no Twitter.

O que diz o autor da publicação: Procurado pelo SBT News De Fato, Mário Frias não respondeu a nossa reportagem.

Saiba mais:


CONCLUSÃO DA VERIFICAÇÃO

É enganoso o vídeo divulgado por Mário Frias que afirma que o candidato ao governo de São Paulo, Fernando Haddad (PT), defendeu o político soviético Josef Stalin e um "fuzilamento do bem" durante uma comissão do Senado, em 2011.

A fala usada no vídeo faz parte de uma declaração de Haddad, à época ministro da Educação no governo Dilma Rousseff (PT), dada na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, em 31 de maio de 2011.

Na situação, ele foi convocado para responder a críticas ao livro didático "Por uma Vida Melhor", da professora Heloísa Ramos, que trata sobre o uso da norma popular da língua portuguesa e sobre um "jeito errado" de se falar.

O senador Álvaro Dias, na época no PSDB, citou Stalin ao falar sobre língua e norma culta, afirmando que "uma corrente do partido comunista russo, quando Stalin chegou ao poder, tentou introduzir uma nova língua do partido, e o próprio Stalin não permitiu".

Em resposta, Haddad citou Stalin e Hitler para fazer uma crítica a "involução" dos que questionavam o livro sem ler. "Há uma diferença entre o Hitler e o Stalin que precisa ser devidamente registrada. Ambos fuzilavam seus inimigos, mas Stalin lia os livros antes de fuzilá-los. Lia os seus livros. Estamos vivendo, portanto, uma pequena involução, estamos saindo de uma situação stalinista e agora adotando uma postura mais de viés fascista, que é criticar um livro sem ler", afirmou ele.

A assessoria de imprensa de Fernando Haddad afirmou para o SBT News De Fato que em nenhum momento ele defendeu Stalin e somente "usou uma ironia para mostrar a diferença entre nazistas, que não liam os livros que queimavam, e comunistas, que liam".

A juíza Maria Claudia Bedotti, do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, determinou no dia 25 de agosto a remoção, no prazo de 24 horas, do conteúdo considerado por ela uma "afirmação inverídica, propalada com o inegável propósito de causar descrédito do eleitorado".

Ainda segundo a juíza, "o vídeo impugnado incorre em descontextualização grave da fala do representante acerca de Hitler e Stalin, na medida em que o representado afirma peremptoriamente que ele "(...) defende um dos mais cruéis assassinos da história da humanidade(...)", o que não se extrai, em momento algum, nem com muito esforço interpretativo, das palavras de Fernando Haddad que são divulgadas em seguida na indigitada postagem".

Para o SBT News De Fato, é enganoso todo conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

COMO VERIFICAMOS?

Para fazer a verificação procuramos, inicialmente, pelas palavras-chave "Haddad" e "Stalin" no Google. Assim, foi possível encontrar notícias da época sobre a fala de Haddad, na Agência Brasil, na Veja e na IstoÉ. Com isso, chegamos até a data da declaração dada por Haddad na Comissão de Educação do Senado e procuramos por vídeos que tivessem a fala completa dele no site da TV Senado.

A TV Senado não tem a transmissão completa da sessão do dia 31 de maio de 2011 em seu site, mas encontramos uma reportagem da GloboNews que mostra o questionamento de Álvaro Dias e um trecho da resposta de Haddad. Tivemos acesso a declaração completa ao procurar as diversas reportagens sobre o assunto, divulgadas na época.

Por fim, questionamos a assessoria de imprensa de Haddad e pedimos um posicionamento de Mário Frias. A assessoria de imprensa de Haddad nos informou que havia uma decisão judicial que pedia a retirada do vídeo das redes sociais e, então, procuramos pela decisão no site do TRE-SP.

Por que investigamos?

O SBT News De Fato investiga conteúdos suspeitos que viralizaram nas redes sociais sobre as eleições de 2022. Conteúdos falsos ou enganosos que envolvem candidatos, como é o caso de Haddad, podem influenciar na compreensão da realidade e na imagem construída pelos eleitores sobre o político. A escolha sobre o candidato deve ser tomada com base em informações verdadeiras e confiáveis.

Outras checagens sobre o tema: O jornal Folha de S. Paulo também realizou uma checagem sobre o vídeo e chegou à mesma conclusão que o SBT News De Fato.


SBT News De Fato

SBT News De Fato o serviço de checagens, verificação de fatos e educação mídiática do SBT. O objetivo é ser um núcleo de orientação e de informações ao público em relação ao conteúdo espalhado e distribuído na internet e pelas redes sociais. Nesta primeira fase, o grupo vai atuar no combate a desinformação durante o período das eleições gerais deste ano.  A escolha sobre o candidato deve ser tomada com base em informações verdadeiras e confiáveis. Por isso, o SBT News De Fato conta com uma equipe de jornalistas profissionais do SBT, regionais e afiliadas. São eles: SBT SP, SBT RioSBT ParáSBT RSSBT DF, TV Aratu (BA), SBT MT (MT), TV Tambaú (PB), TV Jornal (PE), Jornal do Commercio (PE), TV Allamanda (RO), TV Norte (AM, AC e RR), TV Cidade Verde (PI) e TV Ponta Verde (AL). Clique aqui e saiba mais.


>> Emanuelle Menezes é jornalista no SBT e SBT News
>> Imagens são reproduções de redes sociais


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