Infectologistas criticam decisão de desobrigar uso de máscaras
"Medo é das pessoas abandonarem uma medida que vem se mostrando efetiva", disse um especialista
Infectologistas consultados pelo SBT News criticaram a decisão da prefeitura do município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, de retirar a obrigatoriedade do uso de máscara de proteção facial em locais abertos ou fechados.
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"Para tomar esse tipo de ação, é preciso de se certificar tecnicamente se é viável. Retirada de máscara é a última coisa que a gente vai tratar" aponta a médica Ana Helena Germoglio, do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), em Brasília.
Duque de Caxias tornou-se, na 3ª feira (5.out), a primeira cidade brasileira a desobrigar o uso de máscaras. Em comunicado, a prefeitura justificou a decisão com o alto número de pessoas vacinadas contra o novo coronavírus na cidade da Baixada Fluminense, e os índices de casos em constante queda.
A médica do HRAN pontua que, mesmo com uma redução drástica no número de casos, o país ainda apresenta uma dificuldade em relação à testagem. A infectologista Joana Darc Gonçalves da Silva, reforça a posição de que o Brasil ainda não está pronto totalmente para a flexibilização. "A gente tem que passar ainda por um processo de educação continuada e permanente sobre algumas medidas de controle que devem ser mantidas mesmo com flexibilização e mesmo com a diminuição do número de casos", salienta.
No mundo
Países como Argentina e Portugal suspenderam o uso de máscaras ao ar livre. Quando questionada sobre a decisão desses países, Joana afirma que a transmissão em ambientes abertos é menor: "A permanência das partículas infecciosas suspensas no ar é transitória." Logo, sugere se inicie essa flexibilização por esses locais de menor risco, como as áreas abertas.
A chegada da variante Delta é outro fator que leva os infectologistas a apoiarem o uso das máscaras. Julival Ribeiro, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia, diz que "deve-se lembrar que mesmo as pessoas vacinadas e não vacinadas devem continuar usando máscara, sobretudo em ambientes fechados, aglomerações e ambientes sem ventilação, por causa da transmissibilidade alta da nova variante". Ana Helena cita o exemplo de Singapura, que mesmo com 80% da população vacinada enfrenta surtos com a variante delta.
Com base na decisão de Duques de Caxias, o aumento da vacinação é um ponto que leva outras cidades brasileiras a questionarem a obrigatoriedade do uso de máscaras. "Nosso maior medo é das pessoas abandonarem uma medida que vem se mostrando efetiva em relação ao combate a pandemia" expõe o membro da Sociedade Brasileira de Infectologia.
Até o momento, a campanha de vacinação contra a covid-19 alcançou 69,68% da população brasileira com a primeira dose, sendo que 45,2% já completaram o ciclo vacinal. "A retirada da máscara deve acontecer quando a gente atingir um número significativo de pessoas imunizadas", explica a infectologista Joana Darc. A respeito da vacina, Julival considera que a mesma não é 100% eficaz. Para ele, a realidade da vacina é que ela diminui o número de mortes, casos graves e hospitalizações.