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Com atraso na vacinação, Brasil é risco para o mundo

Alerta é da epidemiologista Denise Garrett, em entrevista no SBT

Com atraso na vacinação, Brasil é risco para o mundo
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Se o controle da pandemia no Brasil não melhorar, o país vai ficar à margem da sociedade mundial e isolado sem acesso a outras nações, na avaliação da epidemiologista Denise Garrett, vice-presidente do Sabin Vaccine Institute, nos Estados Unidos. "Infelizmente, isso é uma realidade. O Brasil já está se tornando um pária mundial, porque é uma ameaça a todos os outros países", afirmou, em entrevista à jornalista Roseann Kennedy, no Poder em Foco, que vai ao ar neste domingo (14), no SBT.

Ela explica que o problema é a existência de novas cepas no território brasileiro que podem escapar à imunidade natural. Até o momento, as vacinas oferecem proteção contra as novas variantes, principalmente para casos mais graves, mas se nada for feito para conter a disseminação do vírus outras variantes podem surgir.

"Vamos dizer que um país se esforce muito e consiga vacinar a maior parte da população. Se no Brasil o surto está descontrolado e variantes estão surgindo, uma pessoa pode transportar uma variante e criar novos surtos nos outros países. Então, realmente, o Brasil é um risco pro mundo. Eu sinto muita tristeza de falar isso, como brasileira, mas existe, sim, essa situação que o Brasil está sendo olhado nesse momento como uma falha mundial com relação à Covid", lamentou.
 

Denise Garrett acredita que o Brasil terá dificuldades em cumprir o calendário de vacinação anunciado pelo Ministério da Saúde e não conseguirá imunizar a maior parte da população até o final deste ano porque o governo demorou a negociar a compra do imunizante.  

"Todo mundo sabe que a demanda por vacinas é muito maior do que a oferta. Os acordos foram firmados no meio do ano passado com as companhias farmacêuticas produtoras e todos os países que fizeram esses acordos estão, agora, recebendo a vacina. O Brasil tem uma campanha de vacinação, mas a gente não tem doses de vacina", reclamou.
 
 

Iniciativa privada


Para Denise Garrett, apesar das falhas na gestão pública para imunização contra a Covid-19, a responsabilidade de negociar, comprar e distribuir vacinas tem que continuar sendo do Governo Federal e não da iniciativa privada. Ela faz um apelo, porém, para que autoridades de outras instâncias de poder se organizem para pressionar.

"A vacina é um direito da população, é um bem coletivo. Na situação em que não há uma ação do Poder Executivo, outras autoridades têm que pressionar ou assumir a frente. O Programa Nacional de Imunização sempre foi algo de muito respeito internacional, mas infelizmente não é o que está sendo nessa administração. Então, governadores, Congresso, STF, teriam que criar essa outra condição para garantir a vacina para o povo brasileiro", apelou.
 

Fake news


A vice-presidente do Sabin Vaccine Institute diz que outra frente de batalha no Brasil tem que ser o enfrentamento às fake news. "No momento, nós estamos tratando de vidas e elas (as fake news) certamente estão custando vidas", enfatizou.

Denise reforça a orientação para que, antes de passar adiante uma informação no grupo de WhatsApp, a pessoa verifique com um  cientista ou site de checagem se a notícia é verdadeira. Ela também desmente vários boatos.

É fake - morte causada pelas vacinas
"As vacinas são as intervenções médicas mais seguras, são desenvolvidas com um rigor científico e de segurança enorme. Então, o fato de estar causando mortes, não é verdade.

É fake - infertilidade causada pela vacina
"Dizer que a vacina causa infertilidade em mulheres também não é verdade. A vacina é uma imitação daquela resposta imune natural. Não há nenhuma relação com infertilidade".

É fake - chip de monitoramento
"Outra fake news, e essa não dá nem pra considerar, é que a vacina tem uma microchip que está sendo injetado em você pra te acompanhar. Então, são coisas que realmente é até difícil de visualizar alguém inventar uma fake news dessa".

 
 

Tratamento preventivo


A epidemiologista também alerta para o risco do uso de medicamentos sem comprovação científica para tratamento da covid-19. Ela explica que, além dos efeitos colaterais, o uso dessas drogas provocam uma sensação de falsa proteção para a população. A pessoa acha que está fazendo um tratamento profilático, sente-se confortável e se arrisca mais.

"Tenho falado muito com os colegas aí no Brasil e acompanhado muito a situação das UTIs aí e uma grande parte dos pacientes intubados estavam tomando medicamentos preventivos, eles estavam confiando em medicação não comprovada pela ciência", relatou.

Mas, o que dizer às pessoas que alegam ter conseguido uma recuperação rápida tomando drogas como ivermectina, azitromicina e hidroxicloroquina?

Denise Garrett explica que, em mais de 90% dos casos de contaminação do coronavírus, o paciente vai manifestar a forma leve ou até assintomática da doença e há uma associação temporal errônea com a ação desses remédios.

"A pessoa, às vezes, está doente, vai lá toma um desses medicamentos, melhora e acha que melhorou por causa desse medicamento. E o que acontece é o seguinte: a grande maioria das pessoas vai melhorar, não vai evoluir pro óbito e nem ter a forma grave. Então, por essa coincidência e a propagação, até mesmo por alguns médicos, desse tratamento que não é comprovado, isso fortalece essa narrativa", concluiu.
 

Perfil


A médica e cientista Denise Garrett é vice-presidente do Sabin Vaccine Institute, em Washington. Epidemiologista, ela também integrou o Centro de Controle de Doenças do Departamento de Saúde dos Estados Unidos, por 23 anos, onde se concentrou em pesquisa e saúde internacional, liderando estudos de surtos e epidemias de âmbito global.
 

Poder em Foco


O Poder em Foco vai ao ar na madrugada deste domingo (14) para segunda, 0h45, no SBT. Além da apresentadora, Roseann Kennedy, também participa do programa a editora do SBT Brasil, Gabriela Camargos. Neste mês, quando é celebrado o Dia Internacional da Mulher, a cada semana uma mulher de destaque no ambiente do poder será entrevistada.
 
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